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Oposição acusa regime de Maduro de atacar eleitores e fiscais com ‘tiros e pólvora’

Após regime barrar acesso às instalações do conselho eleitoral e às seções de votação, surgem relatos de violência armada contra a população

Por Amanda Péchy
Atualizado em 28 jul 2024, 23h17 - Publicado em 28 jul 2024, 20h47
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  • A Plataforma Democrática Unitária, coalizão liderada pelos oposicionistas María Corina Machado e Edmundo González Urrutia que desafiou nas eleições deste domingo, 28, o regime de Nicolás Maduro, acusou o governo de atacar eleitores e testemunhas de mesa (ou fiscais eleitorais) com “tiros e pólvora”.

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    A confusão ocorreu no centro de votação da Escola Luis Horacio Colmenares, no município de Guásimos, na fronteira com Edo Táchira. De acordo com comunicado da campanha da oposição, as agressões já fizeram vítimas.

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    “Agridem pessoas que estão no centro de votação da Escola Luis Horacio Colmenares, no setor Patiecitos, no município de Guásimos Edo Táchira, com tiros e pólvora. A comunidade indica que duas pessoas estão feridas e uma possível falecida, (a confirmar)”, publicou a campanha de María Corina e Edmundo González no X, antigo Twitter.

    Depois do comunicado, a vítima foi identificada como Julio Valerio García, 40 anos. O homem foi transferido sem sinais vitais para o hospital Dr. José María Vargas, segundo informou a coordenação de segurança do centro de saúde.

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    Além disso, de acordo com a imprensa internacional em Caracas, várias dezenas de motociclistas que se identificaram como chavistas chegaram a um centro de votação em Caracas, onde havia fiscais da oposição e cidadãos à espera do início da contagem dos votos, o que deu origem a um confronto que terminou com golpes diante do olhar impassível da polícia, que não interveio para parar a briga.

    Segundo a ONG Provea, os motociclistas chegaram ao centro de votação com o objetivo de “intimidar os cidadãos que aguardavam a contagem eleitoral” em uma escola secundária central da capital, a poucos metros da Procuradoria-Geral da República.

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    A movimentação ocorreu depois do líder chavista Diosdado Cabello, vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela, apelar que os apoiadores de Maduro fossem às ruas para “proteger” o voto popular contra eleitores da oposição após o fechamento das urnas. Enquanto crescem as expectativas pelos resultados, ele também acusou a oposição de querer “gerar violência” porque os resultados não seriam favoráveis aos que desafiaram o regime.

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    Fiscais na mira

    A notícia vem após uma série de denúncias contra o governo por impedir o acesso de fiscais eleitorais às instalações do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, para a contagem dos votos a nível nacional, e às seções eleitorais, para realizar a auditoria cidadã organizada pela oposição para evitar quaisquer manobras para manipular os resultados.

    A coalizão informou no X, antigo Twitter, que suas testemunhas – como são chamados os fiscais eleitorais de cada partido – ainda aguardam acesso à sala do CNE. Segundo a Plataforma Democrática Unitária, as três testemunhas – Delsa Solórzano, Juan Caldera e Perkins Rocha – foram credenciadas pelo órgão eleitoral na última quinta-feira 25. A presença dessas figuras é considerada essencial para a transparência dos resultados e está consagrada na lei eleitoral.

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    A oposição da Venezuela também denunciou que o regime paralisou a transmissão de dados de alguns centros de votação. O Comando Venezuela, que gerencia a campanha de María Corina Machado e Edmundo González, denunciou que existe um padrão de comportamento contrário às normativas que consistem em impedir a transmissão de dados e a publicação de atas das seções eleitorais.

    “O Conselho Nacional Eleitoral, através dos seus operadores, recusa-se a transmitir o resultado das atas”, disse Solórzano em coletivade imprensa. “Qual é o processo? Imprime-se o primeiro edital, a transmissão é feita imediatamente e após a transmissão são impressos os demais editais. O que está acontecendo é que eles não querem imprimir o edital, então a transmissão foi paralisada. Isso agora é um padrão”, disse ela.

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    Porém, a autoridade garantiu que com as atas recolhidas já se pode saber uma estimativa dos resultados. “Com os registros que temos, podemos saber o que está acontecendo no país”. No entanto, o conselho eleitoral é o único órgão com competência para anunciar os resultados oficiais.

    Solórzano, principal testemunha perante o conselho em nome da campanha de González, já havia afirmado em entrevista ao portal de notícias argentino Infobae que a oposição traçou um plano para evitar que o regime manipule, por meio da intimidação, os resultados eleitorais. A estratégia inclui três pontos principais: auditoria cidadã, com um papel ativo dos eleitores na supervisão da contagem de votos, a permanência da população nas zonas eleitorais durante a contagem, e a proteção aos mesários e testemunhas de mesa (os fiscais eleitorais de cada partido que ficam nos centros de votação).

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    Ao votar, Maduro sugeriu que não reconheceria nenhuma contagem paralela organizada pelos cidadãos, e que seguiria apenas o Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo chavismo.

    Seções eleitorais

    Além disso, a oposição venezuelana denunciou que os militares do regime de Maduro se recusaram a fechar alguns centros de votação e que impediram a entrada de testemunhas para realizar a auditoria cidadã dos votos, que está prevista pela lei. A informação foi divulgada pelo correspondente do portal de notícias argentino Infobae na Venezuela.

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    Um dos casos ocorreu na Escola San José de Tarbes, em El Paraíso, bairro a oeste de Caracas, onde há mais apoio ao chavismo. A oposição exigiu que os fiscais sejam admitidos para que nenhum novo voto seja adicionado às urnas – como teria acontecido nas eleições passadas, segundo rivais de Maduro. Após reclamações dos cidadãos, os militares finalmente fecharam as urnas, sem ainda permitir que as testemunhas entrassem no colégio para supervisionar o processo.

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    Muitos venezuelanos permanecem em frente aos centros eleitorais cantando o hino nacional e protestando em Caracas. “Queremos contar, queremos contar”, gritavam, segundo o jornal espanhol El País, em referência ao processo de auditoria que os cidadãos podem participar por lei. O chavismo, durante anos, aplicou a chamada “operación remate” (ou operação de leilão, em português), ao fim da votação, que consiste na distribuição de sacolas de alimentos, gasolina e outros benefícios para atrair os eleitores aos centros de votação.

    Isso prolonga até muito tarde a eleição e abre caminho para múltiplas irregularidades. Veículos da imprensa internacional na Venezuela, porém, afirmaram que não chegou nenhum eleitor de última hora mobilizado pela máquina do oficialismo.

    Enquanto isso, Nicolás Maduro Guerra, filho do presidente bolivariano, comemorou uma “vitória do povo venezuelano” após o encerramento das eleições.

    “As urnas expressam o que a rua já disse durante todos esses meses de campanha. Vitória do povo venezuelano, feliz aniversário comandante Chávez!”, escreveu Maduro Guerra, no 28 de julho em que Hugo Chávez completaria 70 anos.

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