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ONU reforça pedido de cessar-fogo em meio a escalada de conflito no Sudão

Mais de 300 pessoas morreram e 2.600 ficaram feridas, segundo OMS

Por Da Redação
20 abr 2023, 20h14

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, apelou nesta quinta-feira, 20, para que o Exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) atendam a um cessar-fogo no Sudão, depois de o país chegar ao sexto dia consecutivo de escalada no conflito. Ele disse, ainda, que milhares de sudaneses estão aproveitando o feriado muçulmano de Eid al-Fit para procurar abrigo em áreas mais seguras.

Combates entre militares sudaneses e as FAR eclodiram no último fim de semana, em uma luta pelo governo do país. Mais de 300 pessoas morreram e 2.600 ficaram feridas, disse o Ministério da Saúde do Sudão, citado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em meio a tiros e explosões, parte da população teria se deslocado para o Chade, país que faz fronteira com o Sudão, ao fugir de Cartum, capital e maior área urbana do país, e Darfur, região já fragilizada por conflitos ocorridos há três anos.

Com a escalada dos ataques, os Estados Unidos chegaram a informar que estudam a possibilidade de enviar tropas para retirar civis de sua embaixada na capital. Após uma reunião com chefes da União Africana, da Liga Árabe e de outras organizações, Guterres disse que “houve um forte consenso em condenar os combates em andamento no Sudão e pedir a cessação das hostilidades como prioridade imediata”.

+ Rebeldes atacam QG do Exército sudanês, impedindo retirada de civis

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Além disso, o secretário-geral alertou que os sudaneses têm o direito de escapar e buscar tratamento médico, assim como de comprar comida e outros suprimentos. Antes mesmo dos ataques, grande parte da população enfrentava a fome aguda.

Em depoimento à emissora Al Jazeera, o chefe do Exército sudanês, o general Abdel Fattah al-Burhan, disse que apoiaria o cessar-fogo caso os paramilitares permitissem a livre circulação de civis. O líder das FAR, general Mohamed Hamdan Dagalo, também relatou o seu desejo de implementar uma trégua de três dias em reverência ao Eid, que marca o fim do mês sagrado muçulmano do Ramadã, mas a ação ainda não foi concretizada.

A luta, que coloca o líder militar Burhan contra o general Dagalo, começou após desacordos sobre um plano para integrar os paramilitares às forças armadas regulares. Burhan lidera um conselho governante instalado no golpe militar de 2021, que ocorreu depois que o autocrata Omar al-Bashir foi deposto, em 2019. Dagalo – mais conhecido como Hemedti – era seu vice no conselho governante.

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Nesta terça-feira, 18, as autoridades locais e os líderes dos rebeldes concordaram em uma trégua humanitária. Moradores, no entanto, relataram que alguns ataques ocorreram após o horário estabelecido para o cessar-fogo, comprovando o fracasso da trégua mediada por Estados Unidos.

Os alvos dos paramilitares incluem hospitais e trabalhadores humanitários. As Nações Unidas registraram relatos de violência sexual contra seus funcionários, e a maioria dos hospitais não está funcionando.

Mesmo antes do conflito, cerca de um quarto da população do Sudão era afetada por fome aguda. O Programa Mundial de Alimentos interrompeu suas operações de assistência no país, uma das maiores do mundo, no sábado, depois que três de seus funcionários foram mortos.

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