ONU diz que Mianmar planejou ataques contra minoria rohingya
Desde o fim de agosto, cerca de 655 mil rohingyas fugiram de Mianmar para Bangladesh; ONU já comparou a situação da minoria muçulmana a 'limpeza étnica'
Por Da Redação
Atualizado em 18 dez 2017, 23h23 - Publicado em 18 dez 2017, 23h13
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, disse nesta segunda-feira à AFP que Mianmar planejou a perseguição da minoria muçulmana rohingya, provocando um êxodo em massa.
“Para nós está claro que essas operações foram organizadas e planejadas”, afirmou em uma entrevista sobre a perseguição da minoria, que teria deixado milhares de mortos e obrigado 655 mil rohingyas a fugir para Bangladesh desde agosto.
“Não se pode excluir a possibilidade de atos de genocídio“, enfatizou.
No dia 11 de setembro, cerca de três semanas após os embates entre extremistas rohingya e o exército de Mianmar, que deram início à mais recente crise na região, Al Hussein afirmou que o tratamento à minoria se assemelhava a um “exemplo clássico de limpeza étnica”.
Três dias mais tarde, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, também declarou que a situação “só pode ser descrita como limpeza étnica”.
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) disse na quinta-feira (14) que ao menos 6.700 rohingyas morreram no primeiro mês da ofensiva do exército birmanês contra rebeldes do oeste desse país.
Desde o início da campanha do Exército, mais de 655 mil membros desta minoria muçulmana fugiram cruzando a fronteira com Bangladesh para se refugiar no distrito de Cox’s Bazar.
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O governo birmanês negou as acusações e declarou que a ação do Exército foi uma resposta proporcional aos ataques de militares rohingyas contra postos policiais em agosto, nos quais morreram 25 pessoas, entre elas uma dúzia de agentes.
Mas, segundo Zeid, as provas não sustentam essa hipótese, assinalando que no ano passado já havia sido registrado um aumento da violência que obrigou 300 mil rohingyas a fugirem para Bangladesh.
O escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, que teve o acesso à região do oeste de Mianmar negado por diversas vezes, publicou em fevereiro um relatório das denúncias de refugiados de Cox’s Bazar que falavam em “crimes horrendos; de crianças perseguidas e degoladas”, disse Zeid.
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“Suspeito que a primeira operação fosse um ensaio para a segunda”, considerou.
Zeid não dá crédito à tese da repressão dos rebeldes e destacou que os civis foram claramente o alvo. “Por que se deter em uma criança se o seu objetivo é um rebelde?”, perguntou.
Contudo, o alto comissário afirmou que serão os tribunais que irão determinar se de fato houve genocídio, mas disse que “não acredita que se possa excluir ou descartar essa possibilidade”.
(Com AFP)
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