OMS pede que países levem mais a sério a epidemia de coronavírus
Número de casos de coronavírus já ultrapassa 100.000, segundo Universidade Johns Hopkins
A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que muitos países não estão levando suficientemente a sério a epidemia de coronavírus, que mantém sua trajetória de propagação em todo planeta e chegou ao Vaticano nesta sexta-feira, 6.
Ao mesmo tempo, o Centro para Sistemas de Ciência e Engenharia da Universidade Johns Hopkins informou que o número de casos do novo coronavírus já chegou a 100.330 em todo o mundo. A maior parte dos casos se concentram na China continental (80.556), de acordo com a universidade. Em seguida estão Coreia do Sul (6.593), Irã (4.747) e Itália (3.858).
Os números da Johns Hopkins são atualizados em tempo real, enquanto os dados divulgados pela OMS são modificados diariamente, por isso há certa divergência entre eles. Segundo o último relatório publicado pela organização na quinta-feira 5, há 95.333 casos em todo o mundo.
O Vaticano anunciou o primeiro caso e informou a suspensão do atendimento a pacientes externos em seu pequeno centro médico, onde o contágio foi registrado. “O vírus está na Europa. Devemos adaptar agora nossas medidas”, afirmou o alemão Jens Spahn ao chegar em Bruxelas para uma reunião de ministros da Saúde da União Europeia (UE) para debater maneiras de conter a propagação.
A Espanha anunciou cinco mortes e um total de 345 casos nesta sexta-feira, enquanto a Holanda, que tem 82 contágios, registrou a primeira morte. O Irã somou outros 17 óbitos, para um total de 124 vítimas fatais.
A Eslováquia anunciou o primeiro caso, importado da Itália, o país da Europa mais afetado. O Butão também indicou o primeiro contágio, um turista americano.
“Isto não é um exercício. Não é o momento de abandonar, não é o momento de procurar desculpas, é o momento de ir fundo”, criticou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao alfinetar, sem citar os nomes, uma “longa lista” de países que não têm feito o suficiente para lutar contra vírus.
Na China, onde a epidemia surgiu em dezembro, a doença está em um momento de estabilização. O país anunciou 143 novos casos e 30 mortes nesta sexta-feira, mas agora teme o risco de recontaminação com pessoas procedentes do exterior. Até o momento, foram 36 casos importados.
Gastos de emergência
O Congresso americano aprovou um plano de emergência de 8,3 bilhões de dólares para financiar a luta contra a Covid-19 no país, que registra 12 mortes e 180 casos de contágio.
O principal sindicato de enfermeiros dos Estados Unidos denunciou o pouco preparo de vários hospitais e manifestou preocupação com a falta de equipamento e de informações para os profissionais da saúde. Na Califórnia, as autoridades começaram a examinar os passageiros de um cruzeiro retido na costa.
Com 3.500 pessoas a bordo, o “Grand Princess” pertence à mesma empresa que o “Diamond Princess”, que permaneceu bloqueado na costa do Japão e onde foram registrados mais de 700 contágios, seis deles fatais.
No Egito, as autoridades detectaram 12 casos entre os tripulantes de um cruzeiro no Nilo.
Em poucas semanas, muitos países viram o fim dos estoques de máscaras, gel desinfetante, luvas, trajes de proteção e óculos. Vários governos proibiram a exportação de material médico para reservar os produtos para profissionais de saúde e infectados.
Em um fato incomum na China, moradores de Wuhan – epicentro da epidemia e cujos 11 milhões de habitantes vivem confinados desde o fim de janeiro – vaiaram a vice-primeira-ministra que visitava a cidade, pela falta de mantimentos.
Bolsas no vermelho
A epidemia vem provocando estragos nos mercados internacionais, no turismo, nos eventos esportivos e na educação, com quase 300 milhões de estudantes sem aulas em todo planeta.
As principais Bolsas europeias operavam em baixas expressivas de quase 3,5% nesta sexta-feira, e a cotação do petróleo recuava 4%, resultado da preocupação cada vez maior com as consequências do novo coronavírus na economia mundial. A Bolsa de Tóquio perdeu 2,32%.
O impacto da Covid-19 no tráfego aéreo pode provocar perdas de até 113 bilhões de dólares para as companhias aéreas em 2020, advertiu a Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA).
Muitos países proibiram a entrada em seus territórios, ou colocaram em quarentena, as pessoas procedentes das zonas afetadas. Seul protestou contra medidas que chamou de “irracionais” adotadas pelo Japão para as pessoas que chegam da Coreia do Sul.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnur) advertiu que os governos que usam bloqueios e quarentenas devem garantir o respeito aos direitos das pessoas.
No mundo esportivo, a partida do Torneio Seis Nações de rúgbi entre Itália e Inglaterra, prevista para Roma em 14 de março, foi adiada. Já a Maratona de Paris passou de 5 de abril para 18 de outubro.
A indústria do cinema indiano anunciou o adiamento da cerimônia anual de premiação, o Oscar de Bollywood, que estava prevista para 27 de março.
O Japão decidiu, por sua vez, cancelar a cerimônia anual de recordação que marca o aniversário do tsunami, seguido por um desastre nuclear, de março em 2011.
(Com AFP)