Um ex-membro do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio foi preso nesta quarta-feira, 17, por suspeita de corrupção. Haruyuki Takahashi, de 78 anos, é acusado de receber pagamentos que ultrapassam os 380 mil dólares da marca de roupas Aoki Holdings, parceira oficial dos Jogos.
De acordo com documentos do Ministério Público do Japão obtidos pela rede AFP, ele é acusado de receber quantias de dinheiro como uma forma de agradecimento pelo tratamento benéfico que ele deu à marca. O órgão aponta que mais de 50 transações ocorreram entre outubro de 2017 e março de 2022 com dinheiro enviado para a conta bancária de uma empresa administrada por Takahashi.
Segundo a mídia japonesa, as autoridades estão investigando se os pagamentos anteriores violaram ou não uma lei nacional que proíbe servidores públicos de receber dinheiro devido a seus cargos. Além do membro do comitê, um ex-presidente e dois executivos da Aoki Holdings foram presos em conexão com o caso. Em nota, a marca disse estar cooperando de maneira integral com os promotores.
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Esse não é o primeiro caso de corrupção envolvendo os Jogos de Tóquio de 2020. Em 2016, uma investigação independente analisou irregularidades no pagamento de 2,3 milhões de dólares, o equivalente a 7,4 milhões de reais, do governo da capital japonesa para uma empresa de consultoria de Cingapura, em relação à candidatura para sediar os Jogos Olímpicos de 2020.
Um painel, contratado pelo Comitê Olímpico Japonês (JOC), divulgou em relatório que os pagamentos à companhia Black Tidings não foram propinas.
De acordo com a equipe de investigação, os executivos da equipe de candidatura de Tóquio não tinham conhecimento da relação entre Ian Tan Tong Han, chefe da Black Tidings, e Papa Massata Diack, filho do ex-dirigente de atletismo internacional Lamine Diack.
Papa Diack enfrenta acusações na França por corrupção na IAAF, órgão que rege o atletismo internacional e para o qual já trabalhou como consultor de marketing.
Mais tarde, em 2019, o presidente do Comitê Olímpico Japonês, Tsunekazu Takeda, deixou o cargo no final de seu mandato enquanto enfrentava uma investigação por corrupção, na França, sobre a escolha de Tóquio como sede da Olimpíada de 2020.
Embora tenha se declarado inocente, as acusações geraram escândalo principalmente na imagem do evento, que o governo japonês tinha como trunfo para promoção da recuperação do país.
Em dezembro, investigadores franceses indiciaram Takeda após uma investigação criminal sobre o processo seletivo da sede olímpica, que Tóquio venceu em uma reunião do COI realizada em 2013. Para os procuradores franceses, o processo que resultou na vitória japonesa foi irregular, afirmando que os dirigentes pagaram propina a membros africanos para obter apoio.