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‘Odeio a tortura’, diz Matteo Salvini sobre fala de Bolsonaro em 2016

Ministro do Interior da Itália insiste na extradição de Cesare Battisti, asilado político no Brasil desde 2010

Por Da Redação
Atualizado em 10 dez 2018, 21h11 - Publicado em 10 dez 2018, 20h29
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  • Um dos primeiros políticos da direita mundial a comemorar a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de outubro, o vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, condenou a tortura e os torturadores ao ser confrontado com declarações reiteradas do brasileiro sobre o tema.

    “Odeio a tortura e os torturadores”, afirmou, durante entrevista coletiva à imprensa na sede de Roma da associação dos correspondentes estrangeiros na Itália. “Eu condeno a tortura e os torturadores”, insistiu ele, que acumula o cargo de Ministro do Interior.

    Líder da Liga Norte, de direita, Salvini elogiou a vitória de Bolsonaro e disse que fará uma visita oficial ao Brasil “no começo do ano que vem”. Mas não confirmou se comparecerá à posse presidencial em 1º de janeiro, em Brasília.

    “Tomo nota do voto livre e democrático do povo brasileiro. É curioso que, quando você vota em certa parte, você vota pela democracia, liberdade, futuro, progresso e direitos. Quando você vota contra o politicamente correto, você vota por regressão, fascismo, nazismo, reação, supremacia, etc”, comentou Salvini, com seu tradicional tom irônico.

    Em 2016, ao votar pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff, o então deputado federal Bolsonaro homenageou o falecido coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-CODI do II Exército, um dos principais centros de repressão, tortura e desaparecimento de opositores durante o regime militar. Em outra ocasião, Bolsonaro mencionou estar em sua cabeceira um dos livros do coronel.

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    Battisti

    O ministro italiano evitou se aprofundar no tema, preferindo reiterar sua expectativa de que o futuro governo brasileiro extradite o ex-militante de esquerda Cesare Battisti, condenado por atos terroristas na Itália nos anos 1970.

    A extradição de Battisti chegou a ser autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, em 2009. Mas, o próprio STF considerou também que a palavra final sobre o tema caberia ao presidente da República. Em 2010, o status de asilado político lhe foi concedido pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, os governos da Itália continuam a pedir a extradição de Battisti – tanto os de centro-esquerda como os de centro-direita.

    “Seria uma notícia muito boa. Porque isso de um condenado à prisão perpétua gozar a vida nas praias do Brasil me provoca uma ira indescritível”, disse Salvini. “Se, depois de anos de conversa, as autoridades brasileiras ajudarem a Itália a obter justiça, o mérito será do governo e do presidente brasileiro”, acrescentou.

    Battisti, de 63 anos, foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro homicídios na década de 1970, pelos quais se declara inocente. Ele passou cerca de 30 anos fugitivo entre México e França, onde desenvolveu uma exitosa carreira como escritor de romances policiais, antes de fugir para o Brasil, em 2004.

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