Uma obra do artista plástico russo Wassily Kandinsky que havia sido roubada por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial foi vendida nesta semana por 37,2 milhões de libras (aproximadamente 232,5 milhões de reais) em um leilão em Londres. A venda de valor recorde supera a até então obra mais cara do pintor, “Bild mit weissen Linien”, de 1953.
Descoberta em um museu na Holanda há 10 anos, a pintura intitulada “Murnau mit Kirche II” (Murnau com Igreja II, em tradução livre) foi vendida na Sotheby’s, uma sociedade de vendas de artigos de luxo, em nome dos bisnetos do proprietário. Johanna Margarethe Stern-Lippmann, que morreu de causas naturais antes da guerra, e Siegbert Stern, assassinado no campo de concentração de Auschwitz, eram donos de uma coleção de mais de 100 obras de arte.
“Embora nada possa desfazer os erros do passado, nem o impacto em nossa família e dos que estavam escondidos – um deles ainda vivo – a restituição desta pintura que significou tanto para nossos bisavós é imensamente significativa para nós porque é um reconhecimento e fecha parcialmente uma ferida que ficou aberta ao longo das gerações”, comunicou a família ao jornal britânico The Guardian.
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Uma parte do lucro será utilizada pelos Stern na identificação do restante do acervo, já que a obra de Kandinsky não foi a única confiscada pelos nazistas. A pintura de 1910 é considerada o pontapé inicial do artista russo no abstracionismo e reproduz a vila bávara de Murnau.
Após uma disputa legal entre a família e o museu Van Abbemuseum, a devolução foi realizada aos descendentes no ano passado. A venda a um licitante ainda não divulgado acontece em meio ao marco de 25 anos da Conferência do Holocausto, que estabeleceu regras para a revenda de obras apreendidas por nazistas, e é um símbolo na restituição de artigos obtidos ilegalmente no contexto da Segunda Guerra Mundial.