Obama critica Israel por cortar comida e água em Gaza
Ex-presidente americano diz que decisão ameaça piorar a crise humanitária e pode acelerar as tensões na região
O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama criticou nesta terça-feira, 24, a decisão de Israel de cortar comida e água em Gaza durante a sua guerra contra o grupo terrorista palestino Hamas. Obama disse que as medidas podem “endurecer as atitudes palestinas por gerações” e enfraquecer o apoio internacional a Tel Aviv.
Em raros comentários sobre a crise no Oriente Médio, o ex-presidente americano disse que qualquer estratégia militar israelense que ignore os custos humanos da guerra “poderia sair pela culatra”. Apesar de reiterar o direito de Israel se defender, também lançou um alerta sobre os riscos para os civis.
“A decisão do governo israelense de cortar alimentos, água e eletricidade a uma população civil presa [em Gaza] ameaça não só piorar uma crise humanitária crescente – poderá endurecer ainda mais as atitudes palestinas por gerações, minar o apoio global a Israel, favorecer os inimigos de Israel e minar os esforços a longo prazo para alcançar a paz e a estabilidade na região”, disse Obama.
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Durante sua presidência, Obama apoiou o direito de Israel à autodefesa no início dos conflitos com o Hamas em Gaza. Mas rapidamente pediu contenção ao lado israelense, quando as baixas palestinas aumentaram devido aos ataques aéreos.
A administração Obama tentou mediar um acordo de paz entre Israel e os palestinos, mas não obteve sucesso. A relação do líder americano com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também passou por momentos tensos, inclusive quando os Estados Unidos negociaram um acordo nuclear com o Irã, inimigo mortal de Israel.
Não está claro se Obama avisou o atual presidente americano, Joe Biden, que foi seu vice, sobre seu posicionamento. Desde que chegou à Casa Branca no início de 2021, Biden não tentou retomar as negociações de paz entre israelenses e palestinos, há muito paralisadas. De acordo com ele, os líderes de ambos os lados são intransigentes e o clima não é favorável para um acordo.
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Gaza, uma faixa de terra de 40 quilômetros onde vivem 2,3 milhões de pessoas, é governada desde 2007 pelo Hamas, um grupo islâmico apoiado pelo Irã. O enclave enfrenta um cerco total de Israel desde que os terroristas do Hamas invadiram o sul do país, em 7 de outubro.
Tel Aviv bombardeou Gaza constantemente desde o ataque do Hamas, que deixou mais de 1.400 mortos no seu território. Até o momento, autoridades palestinas dizem que os ataques de represália mataram mais de 5 mil pessoas na Faixa de Gaza.