OAB culpa governo federal por crise imigratória em Roraima
O presidente da entidade, Claudio Lamachia, ecoa mensagem de Boa Vista de que o Estado não tem como abrigar os venezuelanos

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Claudio Lamachia, cobrou hoje (20) do governo federal uma “atuação urgente” da crise migratória de venezuelanos ao estado de Roraima “antes que uma tragédia aconteça”. Em comunicado, Lamachia culpou a “inoperância das autoridades” pela gravidade do problema.
“O que era uma questão humanitária agora tem forte conotação de segurança. Os Estados precisam se organizar para receber os venezuelanos e dar um exemplo ao mundo de democracia e solidariedade”, defendeu.
Embora não tenha se manifestado diretamente sobre o pedido do governo de Roraima ao Supremo Tribunal Federal (STF) de suspensão temporária da imigração venezuelana no Estado, ecoou os argumentos da governadora Suely Campo. Lamachia afirmou que Roraima “não tem condições de abrigar todos os imigrantes” e ecoou os argumentos apresentados pelo governo do Estado.
“Calcula-se que, atualmente, cerca de 800 imigrantes venezuelanos ingressem diariamente, causando sobrecarga aos hospitais, tornando ainda mais vulnerável todo o sistema de saúde, além de reflexos no número insuficiente de vagas em escolas e o aumento da criminalidade.”
Em seu comunicado, o presidente nacional da OAB referiu-se especialmente ao “grave episódio” do último sábado, quando o comerciante Raimundo Nonato de Oliveira foi roubado e espancado dentro em sua casa, em Pacaraima, supostamente por quatro venezuelanos.
Em represália, um grupo de brasileiros ateou fogo nos acampamentos de venezuelanos na cidade, enquanto cantava o Hino Nacional. Mais de 1.000 imigrantes venezuelanos retornaram a seu país, com medo da violência.
O presidente da OAB relatou no comunicado ter visitado Boa Vista (RR) e observado as dificuldades de venezuelanos imigrados e da população local. Comentou ter conversado com a governadora, Suely Campos, e com a presidente do Tribunal de Justiça, Eliane Bianchi.
“O momento é de atenção, por isso é preciso que haja solidariedade federativa para preservar brasileiros e venezuelanos de um agravamento do difícil quadro em que se encontram”, recomendou.