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O que se sabe até agora sobre a morte do presidente do Irã

Ebrahim Raisi e outras sete pessoas morreram no domingo 19, quando o helicóptero em que viajavam caiu perto da fronteira com o Azerbaijão

Por Da Redação
Atualizado em 20 Maio 2024, 12h28 - Publicado em 20 Maio 2024, 12h28

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, e outras sete pessoas, incluindo o ministro das Relações Exteriores e outros membros de seu gabinete, morreram no domingo 19, quando o helicóptero em que estavam caiu perto da fronteira com o Azerbaijão. As circunstâncias do acidente ainda são misteriosas, e as autoridades iranianas revelaram pouco sobre as causas da queda da aeronave, em meio ao contexto explosivo da guerra em curso no Oriente Médio.

As circunstâncias do voo

O que se sabe até agora é que Raisi viajou para a província do extremo noroeste iraniano, Azerbaijão Oriental, na manhã de domingo para a inauguração das barragens Qiz Qalasi e Khoda Afarin, um projeto de energia hidrelétrica conjunto com o vizinho Azerbaijão no rio Aras.

Na cerimônia, estava presente o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, que disse ter se despedido amigavelmente de seu homólogo iraniano antes do helicóptero partir em direção à cidade de Tabriz, a cerca de 130 quilômetros de distância, onde Raisi inauguraria um projeto na refinaria de petróleo de Tabriz.

Outras sete pessoas acompanhavam o presidente na aeronave, incluindo o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, o governador da província do Azerbaijão Oriental, Malek Rahmati, e o líder das orações de Tabriz, o aiatolá Mohammad Ali Al-e Hashem, um importante clérigo xiita que também era representante do líder supremo Ali Khamenei em Azerbaijão Oriental. Também estavam no helicóptero o brigadeiro-general do Corpo da Guarda Revolucionária Islãmica, Mohammad Mehdi Mousavi, o chefe da equipe de segurança do presidente, os pilotos coronel Mohsen Daryanush e coronel Seyyed Taher Mostafavi e o técnico Maj Behrouz Qadimi.

A queda do helicóptero

O incidente ocorreu por volta das 13h30 do horário local (7h em Brasília), em uma área montanhosa remota, a 58 quilômetros da barragem Qiz-Qalasi e 2 quilômetros da vila de Uzi, segundo autoridades iranianas. Mas foi só depois das 16h (10h em Brasília) que a televisão estatal iraniana informou que o helicóptero precisou fazer uma “aterragem forçada”, sob intensos nevoeiro e chuva.

O ministro do Interior, Ahmad Vahidi, confirmou mais tarde que a delegação do presidente viajava num comboio de três helicópteros, e que o sua aeronave foi “forçada a fazer uma aterragem forçada devido às más condições meteorológicas e ao nevoeiro na zona”. Ele acrescentou que 20 equipes de resgate se dirigiram para a área, mas que a neblina, a neve e a chuva dificultaram as operações de busca.

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Os outros dois helicópteros do comboio iniciaram uma busca cerca de 15 minutos após perderem a comunicação com a aeronave do presidente. Em seguida, também foram forçados a fazer pousos de emergência, de acordo com a TV estatal iraniana. Antes da confirmação das mortes, o vice-presidente para Assuntos Executivos, Mohsen Mansouri, também disse que foi possível contatar duas pessoas que estavam no helicóptero do presidente.

A confirmação das mortes

No entanto, qualquer esperança da sobrevivência de Raisi acabou nesta segunda-feira, 20. Por volta das 05h (23h de domingo em Brasília), equipes de resgate avistaram os destroços do helicóptero e levaram cerca de uma hora para alcançar o local do incidente. A aeronave caiu numa montanha a uma altitude de cerca de 2.200 metros, onde as operações de busca não encontraram “nenhum sinal de vida”.

Imagens da TV estatal iraniana mostraram imagens da cauda azul e branca de um helicóptero próximo a vários arbustos queimados. Os corpos recuperados no local foram transferidos para um cemitério em Tabriz, informou o canal de notícias do governo.

O chefe da agência de gestão de crises do Irã, Mohammad Nami, disse à agência de notícias Tasnim, parcialmente controlada pelo governo, que todos os corpos puderam ser identificados, “não havendo necessidade de exames de DNA”. Ele acrescentou que o aiatolá Al-e Hashem permaneceu vivo por uma hora após o acidente, e que fez contato com o chefe do gabinete do presidente antes de morrer.

Causas misteriosas

Por enquanto, as autoridades iranianas não divulgaram nenhuma explicação ou causa do acidente. No entanto, os ministros do governo descreveram que o helicóptero caiu após enfrentar dificuldades no voo, devido à neblina e à chuva.

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De acordo com a mídia estatal iraniana, o modelo do helicóptero era um Bell 212, desenvolvido por uma empresa americana para o exército canadense na década de 1960. A marinha e a força aérea do Irã têm um total de 10 aeronaves do tipo, de acordo com o levantamento da FlightGlobal “Forças Aéreas Mundiais de 2024”.

A agência de notícias estatal IRNA afirmou que o helicóptero que transportava o presidente tinha capacidade para seis passageiros e dois tripulantes. De acordo com a Flight Safety Foundation, o último incidente fatal no Irã envolvendo um Bell 212 aconteceu durante uma operação de evacuação médica em abril de 2018.

Reação no Irã

O líder supremo iraniano, Aiatolá Ali Khamenei – autoridade máxima na República Islâmica – expressou as suas condolências pelo que chamou de “tragédia amarga”, e declarou cinco dias de luto público pela morte do presidente.

“Com profundo pesar e pesar, recebi a amarga notícia do martírio do presidente do povo, o competente e trabalhador Hajj Sayyed Ebrahim Raisi, e sua estimada comitiva”, disse ele, confirmando ainda que o vice-presidente Mohammad Mokhber foi nomeado presidente interino, em conformidade com a Constituição do país.

Um comunicado emitido pelo gabinete do Irã afirmou que o presidente “fez o sacrifício final no caminho para servir a sua nação”. Os ministros também prometeram aos iranianos que dariam continuidade ao governo de Raisi e que “não haveria problemas com a gestão do país”.

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Já o ex-ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, sugeriu em entrevista à TV estatal que os Estados Unidos foram indiretamente culpados pelo acidente devido aos anos de sanções contra o Irã, que impediram o país de comprar aeronaves mais modernas.

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