O Pentágono comunicou, na noite de quinta-feira 2, que detectou um “balão espião chinês” no espaço aéreo dos Estados Unidos, logo antes de seu secretário de Estado, Antony Blinken, viajar a Pequim.
Autoridades de defesa americanas disseram que o balão está sendo rastreado há alguns, por meio de métodos como aeronaves tripuladas. Recentemente, o objeto cruzou o estado de Montana, onde há mísseis nucleares armazenados em silos, mas o Pentágono decidiu não abatê-lo, por temores que os destroços representem uma ameaça à segurança.
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“O balão está atualmente viajando a uma altitude bem acima do tráfego aéreo comercial e não representa uma ameaça militar ou física para as pessoas no solo”, disse o Pentágono em comunicado.
No entanto, por precaução, os voos do aeroporto internacional Billings Logan, em Montana, foram suspensos na quarta-feira 1.
O governo chinês não confirmou se é o dono do balão, e a mídia estatal usou o incidente para insultar os Estados Unidos.
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“Se balões de outros países realmente podem entrar nos Estados Unidos sem problemas, ou até mesmo viajar pelos céus sobre certos estados, isso apenas prova que o sistema de defesa aérea do país é completamente decorativo e não é confiável”, publicou o Global Times, tabloide nacionalista apoiado por Pequim.
Também na quinta-feira 2, a Defesa Nacional do Canadá divulgou um comunicado dizendo que estava monitorando um “segundo incidente em potencial”.
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O que são balões espiões?
Balões de espionagem podem não ter o mesmo encanto que artefatos dignos de um filme do James Bond, como câmeras minúsculas no botão de uma camisa social, ou uma pílula de arsênico escondida em um dente falso, mas mas são usados há séculos – e seu uso pode aumentar no futuro.
Basicamente, o objeto voador contém algum tipo de equipamento de espionagem, como uma câmera ou um radar, que monitora a área sobre a qual ele flutua. Os balões normalmente operam de 24 mil a 37 mil metros de altura, bem acima do tráfego aéreo comercial (que não costuma passar de 12 mil metros de altura).
Por algum tempo, satélites substituíram os balões, mas com o surgimento de lasers e armas cinéticas, capazes de destruí-los, o interesse pela tecnologia mais antiga teve um ressurgimento. Embora não tenham o mesmo nível de vigilância persistente dos satélites, são mais fáceis de recuperar – e muito mais baratos. Para enviar um satélite ao espaço, é preciso um lançador espacial, que custa centenas de milhões de dólares.
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Os balões também podem varrer mais território, voando a uma altitude mais baixa, e passar mais tempo sobre uma determinada área, já que se movem mais lentamente do que os satélites, de acordo com um relatório da Força Aérea dos Estados Unidos.
O primeiro registro do uso de uma tecnologia desse tipo ocorreu na década de 1860, durante a guerra civil americana, quando homens da União, viajando em balões de ar quente com binóculos, tentavam coletar informações sobre a atividade de soldados confederados. Depois, enviavam sinais via código Morse, ou bilhetes amarrados a pedras, aos seus colegas no solo.
Craig Singleton, especialista em China da Fundação para Defesa das Democracias, disse à agência de notícias Reuters que esses balões foram amplamente usados pelos Estados Unidos e pela União Soviética durante a Guerra Fria, como um método de coleta de inteligência de baixo custo.
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O método chinês
É improvável que os chineses não esperassem ser pegos no flagra, já que os Estados Unidos têm um espaço aéreo extremamente escrutinado. Na verdade, esse provavelmente era o objetivo, com dois resultados em mente.
A primeira razão pela qual o balão foi lançado foi, possivelmente, para envergonhar os Estados Unidos – como disse o Global Times, expor o que chamou de “defesa aérea decorativa” –, e saem ganhando se conseguiram coletar alguma informação de inteligência ao longo do caminho.
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A segunda razão pode ser um recado: agora, os americanos estão cientes do fato de que a China tem copiado e desenvolvido, secretamente, uma tecnologia que era originalmente sua.
Além disso, esta deve ser apenas a ponta do iceberg. Com escala industrial, o modus operandi da espionagem da China, segundo especialistas, ocorre com a junção pequenos pedaços de coletas de inteligência, captados e transmitidos de inúmeras maneiras. Juntos, contudo, podem ser reveladores.