O fundador da seita Unificação pela Paz Mundial, Sun-Myung Moon, mais conhecido no Brasil como reverendo Moon, morreu no último domingo aos 92 anos na Coreia do Sul, após reunir uma fortuna de bilhões de dólares em empresas que vão do ramo das comunicações ao automobilístico, principalmente na Ásia, nos Estados Unidos e na América Latina. Seu controverso movimento espiritual reivindica três milhões de seguidores no mundo.
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Moon, que se autoproclamava ‘messias’ diante de seus seguidores, assegurava que o próprio Jesus Cristo teria lhe pedido para completar o trabalho evangelizador que Deus tinha encomendado e que não pôde finalizar ao ser crucificado. Os ‘moonies’, como ficaram conhecidos seus discípulos, foram destaque na mídia mundial principalmente por causa dos casamentos em massa que costumavam promover, nos quais milhares de pessoas que não se conheciam se casavam. Esse tipo de cerimônia fomentou críticas por parte daqueles que asseguravam que o movimento tentava subjugar a vontade de seus fiéis, já que frequentemente era o próprio Moon quem escolhia os futuros cônjuges.
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Política – No plano político, Moon, apesar de sua forte tendência anticomunista, chegou a se reunir com ditadores como o norte-coreano Kim Il-sung e o último presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, além de nomes como Richard Nixon e Carlos Menem, quando estes exerciam os cargos de presidentes dos Estados Unidos e da Argentina, respectivamente.
Negócios – Enquanto ele construía seu reinado espiritual, era levantada, de forma paralela, sua bem-sucedida carreira empresarial, com negócios que abrangiam desde os meios de comunicação até as áreas de hotelaria e esporte.
O braço empresarial da seita é o grupo Tongil, um dos maiores conglomerados da Coreia do Sul e proprietário, entre outras coisas, do Seongnam Ilhwa Chunma, o time de futebol com mais títulos da K-League (Campeonato Coreano).
Moon ainda fundou diversos veículos de comunicação ao redor do mundo, entre eles o jornal americano The Washington Times, conhecido por defender um ponto de vista conservador.
Curiosidades – O religioso também entrará para a história por peculiaridades, como publicar até 450 volumes de pregações, promover um sermão de 16 horas seguidas, sem intervalos, ou ser o único reverendo que conseguiu, em vida, levar sua religião a mais de 190 países, segundo aponta sua organização.
Após sua morte, seu filho mais novo, Hyung Jin Moon, nomeado líder da seita em 2008, continuará à frente do movimento. Já o conglomerado Tongil será presidido por seu quarto filho, Kook Jin Moon, como já acontece.
Brasil – Nos anos 90, Moon deu início a um ambicioso projeto no Brasil: transformar a cidade de Jardim, no Pantanal Mato-Grossense, em uma “Nova Coreia” – e inundou a cidadezinha a 270 quilômetros de Campo Grande com milhares de coreanos e japoneses. A chegada em massa dos orientais à pequena cidade causou toda espécie de estranhamento. Os seguidores de Moon foram acusados de estar na região para extrair órgãos de criancinhas e mandá-los para uma rede mundial de traficantes. Também corria a história de que o vinho servido na fazenda continha sangue do próprio reverendo. Ou que não se podia chegar perto dos coreanos, porque eles praticavam lavagem cerebral.
Bispos inconformados com a presença dos seguidores do norte-coreano enviaram carta ao então ministro da Justiça, Nelson Jobim, querendo saber se Moon podia fazer sua empreitada brasileira. Se não, que fosse embora. Era natural que a hierarquia católica se incomodasse com os seguidores de Moon. Para eles, a mãe de Cristo não era virgem nem o pai era José. O reverendo disseminava a ideia de que Maria foi visitar uma prima, Isabel, e lá conheceu o marido dela, Zacarias, que a engravidou.
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(Com informações da EFE)