Durante evento dos ministros de Relações Exteriores do G20, no Rio de Janeiro, o chanceler britânico, David Cameron, encontrou-se com o homólogo brasileiro, Mauro Vieira, nesta quinta-feira, 22, para falar sobre como o sistema multilateral pode responder aos principais desafios globais. Na reunião, os dois diplomatas encontraram consenso a respeito da guerra em Gaza: ambos defendem uma pausa imediata nos combates.
Segundo o Escritório de Relações Exteriores do Reino Unido, os ministros concordaram com a necessidade urgente para que Israel permita a entrada de mais ajuda em Gaza. A Vieira, Cameron apresentou o plano do seu país para uma pausa imediata para permitir a entrada de ajuda e a saída dos reféns e, em seguida, avançar para um cessar-fogo permanente e sustentável, sem um regresso à destruição, aos combates e à perda de vidas.
A reunião dos chanceleres ocorre em meio a uma crise diplomática entre Brasil e Israel, desencadeada por uma fala em que Lula comparou as ações militares israelenses contra os palestinos em Gaza ao Holocausto, que matou mais de 6 milhões de judeus durante o regime nazista de Adolf Hitler. “Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o presidente brasileiro.
Ucrânia
Sobre o outro grande conflito discutido durante o fórum dos chanceleres do G20, a guerra na Ucrânia, os chanceleres enfatizaram o impacto humano devastador da guerra e disseram que seus países continuarão a empenhar-se para alcançar uma resolução para as agressões, que completam dois anos neste sábado, 24.
Segundo o Escritório das Relações Exteriores britânico, Cameron ressaltou “a importância da perspectiva do Brasil no cenário mundial para a construção da paz”.
Colaboração na área de defesa
Vieira e Cameron também assinaram um Termo de Implementação do Acordo de Colaboração em Defesa, que permitirá o acesso à UK Export Finance (Agência de Crédito à Exportação do Governo do Reino Unido) e apoiará os negócios no setor de defesa no valor de até 1 bilhão de libras (R$ 6,29 bilhões).
Isso contribui “com a visão do presidente Lula de desenvolver a base industrial de defesa do Brasil e revitalizar a indústria de construção naval do país”, disse o Escritório de Relações Exteriores do Reino Unido.
Reforma de instituições
O Reino Unido também reafirmou a prioridade da presidência do G20 do Brasil sobre a reforma da governança global e quer trabalhar em estreita colaboração com o país na reforma das instituições multilaterais.
“O Reino Unido continua a apoiar o Brasil a ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU”, disse o Escritório das Relações Exteriores britânico.
Este foi um tema martelado não só pelo ministro Vieira, já que é prioridade para o Brasil desde o primeiro governo Lula, em 2002, mas também por vários outros chanceleres. Durante coletiva de imprensa após o fim das sessões de trabalho do G20, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, defendeu uma revisão de estruturas como a ONU, a OMC e o FMI.
“Precisamos de instituições que reflitam como o mundo é hoje, e não como era quando foram criadas, há 80 anos”, disse. “Precisamos de instituições que respondam aos desafios de hoje em dia. E estamos liderando os esforços para expandir o Conselho de Segurança da ONU, tanto em membros permanentes quanto não permanentes”.