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O anel que tu me deste

Durante séculos, louvou-se a demonstração de respeito ao papa com o beijo na joia, tradição que se manteve até hoje. Daí o susto com o gesto de Francisco

Por Adriana Dias Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 mar 2019, 07h00 - Publicado em 29 mar 2019, 07h00

Foi difícil escapar do efeito viral do vídeo nas redes sociais, e apenas uns poucos pagãos desligados do Facebook e do Twitter, muito poucos mesmo, deixaram de ver o papa Francisco afastando a mão sucessivas vezes de modo a evitar que fiéis, que faziam fila para cumprimentá-lo depois de uma audiência, beijassem o anel que ele usa na mão direita — o chamado “anel do pescador”, símbolo oficial do poder pontifício. Cada papa tem um anel único, de ouro, destruído quando morre — o de Jorge Mario Bergoglio, o simples, é de prata folheada a ouro. Durante séculos, louvou-se a demonstração de respeito ao herdeiro do trono de Pedro com a genuflexão e o beijo na joia, tradição que se manteve até hoje. Daí o susto com o gesto do papa, um tanto engraçado, um tantinho agressivo, de quem parecia impaciente.O bloco conservador da Igreja chiou. No Twitter (onde mais poderia ser?), os organizadores de uma página conservadora acusaram Francisco de romper uma tradição, e anotaram: “Se não quer ser vigário de Cristo, então saia”. Os defensores do Santo Padre disseram tratar-se de uma postura política, de quem desde o primeiro dia rejeita o clericalismo e a bajulação — coisas que se expressam no ato de beijar o anel papal. Mais de uma vez, ele disse: “O papa, os bispos e os padres não são príncipes, mas servidores do povo de Deus”. Também não são imperadores romanos, como esclareceu o biógrafo do papa. Mas as explicações proliferaram: Francisco não quer ser tratado como uma relíquia, Francisco ofende a Igreja, Francisco não perde chance de passar mensagens sobre o que pensa da busca pela simplicidade, na lida pela renovação da Igreja — as suposições são muitas e variadas, o Vaticano alegou até cuidado com a higiene, mas talvez a resposta do enigma seja quase banal. A sucursal da BBC em Roma analisou a íntegra do vídeo. Durante treze minutos ele saudou 113 monges, freiras e paroquianos. Nos primeiros dez minutos, 41 pessoas beijaram a mão e o anel, sem nenhuma negativa. Em seguida, ao longo de escassos 53 segundos, esses que bombam por aí, é que ele se mostrou contrariado. Será que o papa só queria acelerar o processo?

Publicado em VEJA de 3 de abril de 2019, edição nº 2628

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