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Novo apagão atinge grande parte da Venezuela

A capital Caracas e pelo menos 17 dos 23 estados foram afetados, de acordo com usuários nas redes sociais

Por AFP 25 mar 2019, 23h48

Grande parte da Venezuela voltou a sofrer um apagão nesta segunda-feira, 25, cerca de 20 dias depois de um episódio similar que paralisou o país por uma semana.

A capital Caracas e pelo menos 17 dos 23 estados foram afetados, de acordo com usuários nas redes sociais que utilizaram a hashtag”#SinLuz” (“#SemLuz”) para relatar os cortes no Twitter.

Cerca de três horas após a interrupção, o serviço começou ser normalizado em diferentes áreas da capital venezuelana e em regiões centrais do país, como Miranda, Carabobo e Aragua.

No início da noite, edifícios residenciais da capital e sua periferia – onde vivem cerca de seis milhões de pessoas -estavam com luz e os semáforos e a iluminação pública voltaram a funcionar. Já moradores de outras de outras regiões do país continuavam às escuras, segundo depoimentos postados em redes sociais.

O governo de Nicolás Maduro denunciou que o problema foi causado por um novo “ataque” contra o sistema elétrico nacional.

Numa declaração à televisão estatal, o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, afirmou que houve “um ataque ao centro de armazenamento e transmissão do nosso sistema elétrico nacional”, especificamente na central hidroelétrica de Guri (estado de Bolívar, no sul).

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“O que nos custou cinco ou seis dias (para recuperar) depois desse ataque (…), hoje em poucas horas foi resolvido”, expressou Rodríguez, celebrando que o serviço foi restabelecido em “tempo recorde”.

Mas o líder opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, garantiu que o corte ocorreu por uma “sobrecarga no sistema de subestações”.

“Mentem para não assumir sua responsabilidade (…). Estão pondo em risco o pouco que resta em pé da infraestrutura elétrica”, disse.

O fornecimento de eletricidade foi interrompido às 13h20 local (14h20 de Brasília), afetando de imediato os semáforos, o metrô, as redes de telefonia celular e internet e o comércio de Caracas, que rapidamente fechou as portas.

Alguns hospitais suspenderam o atendimento na capital, segundo usuários do Twitter.

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“Esta situação já está demais porque afeta as carnes, os frangos, tudo que é comida se estraga, é perda total”, informou Leo, de 19 anos, funcionário de um restaurante do centro comercial San Ignacio, na região leste da capital venezuelana.

A seu lado, uma dezena de funcionários se sentaram na rua para esperar resignados, já que nenhum deles crê que a luz vai regressar nas próximas horas.

“Agora devemos caminhar por toda Caracas porque não há metrô”, se queixou Alejandra, que trabalha como caixa no restaurante, a uma jornalista da AFP.

“Tudo graças a nosso presidente, que depois joga a culpa nos Estados Unidos”, ironizou.

Em Maracaibo, capital do estado de Zulia e onde se concentra a produção de petróleo no país, os internautas informaram que o serviço se encontrava “instável” e que a luz “vem e vai”.

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“Me preocupa que isto continue por muito tempo”, declarou à AFP Neyda Colina, prevendo que as interrupções elétricas não vão parar. “Essa história de ataques é conversa para boi dormir”, acrescentou, para em seguida ser levada em sua cadeira de rodas pelas escadas do prédio onde trabalha pelos colegas de trabalho.

Sete dias consecutivos de apagão

O país superou há alguns dias um apagão generalizado, que durou de 7 a 14 de março, que complicou as comunicações, a distribuição de água e combustível, bem como o fornecimento de alimentos.

Também teria causado, segundo relatos, a morte de mais de uma dúzia de pacientes em hospitais.

O governo de Nicolás Maduro, em seguida, acusou os Estados Unidos por “ataques cibernéticos” contra a principal usina hidrelétrica do país, com o apoio da oposição, que tem à frente o líder parlamentar Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela e reconhecido no cargo por Washington e 50 países.

A oposição atribui a crise da eletricidade ao abandono da infraestrutura e à corrupção

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Cinco dias após a primeira série de apagões, Maduro informou que o serviço de energia estava restabelecido em quase toda Venezuela. Pouco depois anunciou uma reestruturação de seu gabinete e prometeu uma “transformação profunda” nas empresas do setor.

A situação de emergência levou o governo a suspender a jornada de trabalho e as aulas por sete dias.

As quedas de luz são frequentes no país petroleiro, e sistematicamente o ministro da Eletricidade, general Luis Motta, os atribui a sabotagens da oposição.

“É cruel, tudo deixa de funcionar.. nos dias de apagão não podemos fazer nada, não há Internet, não há acesso a nada”, declarou Yendresca Muñoz, uma analista bancária de 34 anos. A única esperança é “a queda deste governo”, acrescentou.

Guaidó se autoproclamou presidente interino em 23 de janeiro diante de uma multidão, após o Parlamento – de maioria opositora – declarar Maduro “usurpador” por considerar como “fraudulenta” sua reeleição no dia 20 de maio de 2018.

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Contudo, o líder da oposição ainda não conseguiu até agora quebrar o principal pilar de sustentação do herdeiro político de Hugo Chávez (1999-2013): as Forças Armadas, com amplo poder político e econômico.

Com Maduro, a cota de militares ocupando cargos no Executivo chegou a 43,7% em 2017, e hoje está em 26,4%, segundo a ONG Controle Cidadão.

Dos 32 ministros, nove são militares e estão à frente de pastas como Defesa, Interior, Agricultura e Alimentação, além da PDVSA – empresa estatal de petróleo responsável por 96% das receitas do país – e do serviço de inteligência.

Guaidó prepara uma passeata até o palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, para assumir o controle do governo, numa data a definir. O opositor não descarta pedir ao Legislativo que autorize uma intervenção militar estrangeira.

Washington, principal aliado do autoproclamado presidente interino, também não exclui uma ação armada para derrubar Maduro, e já atua no campo econômico com sanções para asfixiar economicamente o país. A principal medida é o embargo ao comércio de petróleo que entrará em vigor em 28 de abril.

Em meio a esta crescente pressão internacional para que abandone o poder, Rússia e China, principais credores da dívida externa da Venezuela (estimada em 150 bilhões de dólares), se converteram nos grandes aliados de Maduro.

Como parte deste apoio, a agência estatal russa Sputnik confirmou que duas aeronaves das Forças Armadas russas aterrizaram no sábado no aeroporto internacional de Maiquetía, em Caracas, transportando militares e equipamentos.

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