O estado de Nova York finalizou nesta quinta-feira, 25, um acordo para a legalização do uso da maconha de maneira recreativa. A decisão pavimenta o caminho para uma indústria que já chega a 4,2 bilhões de dólares, tem potencial para gerar milhares de empregos e se tornar um dos maiores mercados do país.
Após várias tentativas fracassadas, legisladores da cidade de Albany chegaram a um acordo com o governador Andrew Cuomo para a legalização da cannabis para maiores de 21 anos, uma medida que espera acabar com anos de policiamento desproporcional que ocasionou um alto número de prisão de pessoas negras e hispânicas com posses mínimas.
O acordo prevê o seu uso através de entrega por meio delivery ou em “locais de consumo”, onde não seria permitido a venda de bebidas alcóolicas, de acordo com o jornal The New York Times. Além disso, será permitido o cultivo de até seis pés de maconha dentro ou fora de casa, para uso pessoal.
Se aprovada, as primeiras vendas ocorrerão provavelmente apenas no ano que vem: autoridades precisam antes criar uma série de legislações e regras para o mercado, desde a regulamentação de atacadistas até a distribuição oriundas de cultivo e licenças de varejo, além da criação de novos impostos e um membro controlador da indústria.
O acordo foi elaborado com um grande foco em reparar os danos causados às comunidades que sofrem por anos com a guerra às drogas. Milhões de dólares advindos dos novos impostos seriam investidos nas comunidades minoritárias a cada ano, e uma grande parte das licenças seriam dadas aos donos de pequenas empresas.
“Uma porcentagem da receita será arrecada e investida nessas comunidades onde as pessoas continuam sofrendo com o encarceramento em massa. Para mim, isso é muito maior do que arrecadar dinheiro: é reparar a vida das pessoas que foram prejudicadas”, afirma Crystal D. Peoples-Stokes, democrata que liderou o esforço para a legalização por anos.
O gabinete do governador havia estimado que a indústria da maconha pode gerar até 350 milhões de dólares anuais advindos dos impostos uma vez que o programa esteja completamente implementado, o que pode levar anos. Com Nova York seguindo o exemplo de vários estados que já legalizaram, o objetivo é aprender com eles para moldar uma legislação completamente nova que sirva de parâmetro nacional para o assunto.
De acordo com pessoas ligadas ao assunto, o projeto pode ser aprovado já na semana que vem na Assembleia Legislativa, controlada pelos democratas. Os recentes escândalos do governador Cuomo causaram um impulso inesperado para a legalização. Além disso, o estado viu com bons olhos uma nova forma de arrecadação depois que a pandemia dizimou as finanças locais.
Em pesquisa realizada em março, 60% dos moradores do estado se mostraram a favor do uso recreativo. Entre os eleitores negros, base eleitoral de Cuomo, o número chega a 71%.
O estado de Nova York se juntará a outros estados americanos, ao Uruguai e ao Canadá, que já liberaram a maconha para uso recreativo. Recentemente o México também aprovou o consumo em todo o seu território. Já nos Estados Unidos, os senadores prometeram acabar com a proibição em todo o país ainda neste ano.