A dupla de mesa-tenistas da Coreia do Norte que ganharam a prata nos Jogos Olímpicos, Kim Kum-yong e Ri Jong-sik estão sendo investigados pelo regime de Kim Jong-un, segundo informações da mídia coreana publicadas nesta segunda-feira, 2, e podem enfrentar medidas disciplinares por terem tirado uma selfie com rivais sul-coreanos e chineses no pódio em Paris.
Os atletas se tornaram alvo de escrutínio do regime por terem desrespeitado ordens específicas – evitar interações com quaisquer competidores da Coreia do Sul – ao posarem para uma foto sorrindo na Arena Paris Sul ao lado a dupla sul-coreana Lim Jong-hoon e Shin Yu-bin, vencedores do bronze, e os chineses Wang Chuqin e Sun Yingsha, que arremataram o ouro.
“Limpeza ideológica”
O Daily NK, um portal de notícias sobre a Coreia do Norte sediado em Seul, capital sul-coreana, informou que os atletas e membros do Comitê Olímpico Norte-Coreano estavam passando por uma “limpeza ideológica” desde que retornaram ao país mais fechado do mundo, de acordo com uma fonte de Pyongyang.
O processo, que deve durar um mês, é comum para atletas norte-coreanos que participam de competições internacionais. Segundo o jornal Korea Times, os jogadores serão submetidos a três etapas de “revisão” ideológica, seguida de sessões de autorreflexão e crítica a “comportamentos inapropriados” de seus companheiros de equipe.
Oficialmente, os norte-coreanos foram criticados em relatório enviado às autoridades de Pyongyang por “sorrirem” posando ao lado de atletas de um país que o regime descreveu como seu “inimigo número um ”. No entanto, o Estado não deixou claro quais punições os atletas poderiam enfrentar.
A imagem foi uma das mais celebradas da competição, recebendo centenas de milhares de curtidas após ser publicada no Instagram oficial dos Jogos. A revista People elegeu a foto como um dos 12 melhores momentos dos Jogos que demonstram “espírito olímpico”.
Tensão entre as Coreias
A selfie foi tirada em um momento de tensão na Península da Coreia, onde o Norte estreita laços com a Rússia e o Sul realiza exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos e o Japão.
Em junho, o presidente russo, Vladimir Putin, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, assinaram um pacto de defesa que prevê “a prestação de assistência mútua em caso de agressão” de terceiros.
Como resposta, o presidente americano, Joe Biden, e o líder sul-coreano, Yoon Suk-yeol, firmaram um acordo de dissuasão contra a Coreia do Norte, para combater as ameaças nucleares e militares vindas do regime de Kim.