Ao lançar 59 mísseis sobre uma base aérea do regime sírio, na madrugada de sexta-feira, o presidente americano Donald Trump comprovou que mudou sobre qual deve ser a relação entre os Estados Unidos e a Síria. Em 2013, quando era celebridade de reality show, Trump pediu no Twitter para o então presidente Barack Obama não atacar a Síria.
“Presidente Obama, não ataque a Síria. Não há vantagens e há tremendas desvantagens. Guarde sua munição para outro dia, mais importante”, tuitou. Em outra publicação mais veemente, toda escrita em maiúsculas, esbravejou: “Mais uma vez, digo ao nosso muito tolo líder, não ataque a Síria – se o fizer, muitas coisas ruins acontecerão e os Estados Unidos não ganham nada com essa briga!”.
Trump era contra o ataque, particularmente sem aprovação do Congresso americano. Para ele, os Estados Unidos não tinham nada a ganhar em um bombardeiro contra a Síria, “exceto mais dúvidas e um conflito de longo prazo”:
Segundo o magnata, em outra publicação de 2013, os rebeldes sírios que se opõem ao ditador Bashar Assad são tão ruins quanto o próprio regime. “O que vamos ganhar por nossas vidas e bilhões de dólares? Zero”, escreveu.
Naquele ano, porém, Trump chegou a indicar como seria sua atitude caso sentisse a necessidade de realizar uma ação militar na Síria – uma possibilidade impensável na época, quando ainda não se imaginava que ocuparia a Casa Branca. “Eu não invadiria a Síria, mas se o fizesse seria surpresa e não espalhando por toda a mídia como tolos”, escreveu.
Durante a campanha eleitoral em 2015 e 2016, o presidente americano também criticou a rival Hillary Clinton e alguns de seus adversários nas prévias do Partido Republicano, exatamente por apoiarem estratégias semelhantes – quando não idênticas – a que aplicou nesta madrugada. “Nós devemos focar no Estado Islâmico”, disse no ano passado. “Nós não deveríamos focar na Síria. Vocês vão acabar na Terceira Guerra Mundial se ouvirem Hillary Clinton”.