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No Chile, vitrine da América do Sul, 85% não podem pagar pela saúde

Apesar de avanços, desigualdade não cai

Por Ernesto Neves Atualizado em 18 mar 2021, 20h26 - Publicado em 26 out 2019, 20h17

Exemplo de avanço econômico na América do Sul, o Chile viveu nesta semana o apogeu nos protestos contra o custo de vida e a alta desigualdade.

Neste sábado, 26, sob forte pressão da classe média, o presidente, Sebastián Piñera, pediu para que todos os ministros de seu governo entreguem seus cargos.

Piñera disse que fará uma ampla reforma política, diminuindo os cargos da administração pública e modificando a política econômica do país, que ainda segue as diretrizes elaboradas pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

O caminho será longo. Menos de 15% da população tem acesso à saúde de qualidade.

Em entrevista a VEJA, o professor Dante Contreras, do Departamento de Economia e Negócios da Universidade do Chile e investigador do Centro de Estudos de Conflito, conta que apesar da melhoria na vida da classe média, a desigualdade não cede.

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Leia abaixo a entrevista completa.

Por que o Chile, visto como exemplo de modernidade, mergulhou no caos?

O Chile não é moderno como se acredita. Ele tem setores de sua economia e da sociedade que são modernos, mas também áreas extremamente atrasadas. Um país com alta segregação na educação, na saúde e no seu território não pode ser definido como moderno.

Qual é o nível de desigualdade que existe hoje no Chile? Ela piorou com relação ao passado?

O Chile está na média de desigualdade da América Latina, que é a região mais desigual do mundo. Então é um país de alta desigualdade. Quando você o compara a outros países da OCDE, você se dá conta que é o pior nesse grupo. O 1% mais rico da população concentra 25% da riqueza. Com relação a tendencia da desigualdade, o que observados é que ela está estável. É do tipo estrutural, ou seja, muito difícil. de ser combatida politicamente. É algo que acontece também nos países vizinhos, como o Brasil.

Qual é a situação da classe média?

O que acontece no Chile é que a população é muito suscetível a cair na pobreza. Observamos que existe uma oscilação muito grande entre a classe média e a classe baixa, o que demonstra vulnerabilidade. Basta acontecer um problema familiar, a perda do emprego, ou problema de saúde para a perda do poder aquisitivo acontecer.

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Qual é a situação dos sistemas de saúde e de pensão, apontados como injustos.

O sistema de aposentadorias é extremamente depende do mercado de trabalho. Quando o salário cai, os depósitos que financiam sua futura pensão são impactos. O que torna o sistema refém da oscilação do emprego. Os baixos salários chilenos também são um fator de perpetuação da pobreza. Como a pessoa poupa um valor pequeno ao longo da vida, acaba juntando muito pouco para a aposentadoria.

E o sistema de saúde? Como ele funciona?
Ele segue a lógica da extrema segregação. Quem tem dinheiro tem à disposição hospitais  e médicos de primeiro nível. Mas isso representa cerca de 15% da população.  Os 85% restantes utilizam o sistema público, deficitário, que não conta com recursos suficientes.

Por que o custo de vida é tão alto no Chile?

Isso é outro resultado da desigualdade. A parcela que vive muito bem não se importa de pagar caro, o que pressiona os preços. Como os salários em geral não são altos, isso impacta a vida das pessoas. Além disso, o custo de moradia subiu muito.

O que deve acontecer nas próximas semanas?

É bem difícil fazer um prognóstico, mas o governo deverá trabalhar fortemente numa agenda social mais generosa. Mas não sei se chegaremos a um acordo nacional. É difícil de dialogar, resolver a situação estrutural do Chile.

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