Rico em recursos minerais, o Afeganistão tem reservas pouco exploradas de cobre, ouro, petróleo, gás natural, urânio, bauxita, carvão, minério de ferro, lítio, cromo, chumbo, zinco, pedras preciosas, talco, enxofre, travertino, gesso e mármore. De volta ao poder após 20 anos, o Talibã recuperou o controle dessas minas, que um relatório de especialistas militares e geólogos avaliou em um trilhão de dólares. Mais do que ideologia e religiosidade, o grupo extremista parece ser motivado pela perspectiva econômica dessa retomada.
Na década passada, a maior parte desses recursos permaneceu intocada devido à violência contínua no país. Enquanto isso, o valor de muitos desses minerais disparou, em função da transição global para a energia verde. Um relatório de acompanhamento do governo afegão em 2017 estimou que a nova riqueza mineral de Cabul pode chegar a três trilhões de dólares, incluindo os combustíveis fósseis.
Reportagem de capa: Vitória do Talibã ameaça novo mergulho do Afeganistão no obscurantismo
A riqueza natural contrasta com a pobreza extrema da população. Os suprimentos de minerais como ferro, cobre e ouro estão espalhados pelas províncias. O mais importante, no entanto, são os maiores depósitos de lítio do mundo – um componente essencial, mas escasso, em baterias recarregáveis e outras tecnologias vitais para enfrentar a crise climática. A demanda cresce anualmente 20% em comparação com apenas 5% a 6% alguns anos atrás. O memorando do Pentágono chamou o Afeganistão de “Arábia Saudita do lítio” e projetou que os depósitos do país poderiam se igualar aos da Bolívia – um dos maiores do mundo.
O cobre também está se beneficiando da recuperação econômica global pós-Covid-19 – um aumento de 43% em relação ao ano passado. Mais de um quarto da futura riqueza mineral do Afeganistão poderia ser obtida com a expansão das atividades de mineração de cobre. Desafios de segurança, falta de infraestrutura e secas severas impediram a extração da maioria dos minerais valiosos no passado. É improvável que isso mude em breve sob o controle do Talibã. Ainda assim, há interesse de países como China, Paquistão e Índia, que podem tentar se engajar apesar do caos.