Negociar paz nos termos da Ucrânia é ‘irrealista’, diz Kremlin
EUA fazem pressão por acordo em termos favoráveis a Kiev até o final de 2024, mas ucranianos enfrentam futuro incerto sem auxílio financeiro
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta sexta-feira, 8, que a ideia de que a Rússia poderia se envolver em negociações de paz nos termos da Ucrânia no ano que vem não poderia ser implementada.
Peskov fez sua declaração durante coletiva de imprensa, em resposta a relatos de que Washington estava traçando um plano para que tal cenário se desenrolasse.
“Não, é absolutamente irrealista”, disse Peskov a repórteres.
Anteriormente, o primeiro vice-assistente presidencial dos Estados Unidos para segurança nacional, Jonathan Feiner, disse que o governo americano estavam realizando pressões diplomáticas nos bastidores para que a Rússia negociasse, até o final de 2024, um acordo para o fim da guerra na Ucrânia que favoreceria Kiev.
+ Casa Branca diz estar quase sem dinheiro para ajudar a Ucrânia na guerra
“Gostaríamos que, no final do próximo ano, os ucranianos estivessem em posições em que a Rússia tivesse de tomar uma decisão: ou têm de se sentar à mesa de negociações em termos aceitáveis para a Ucrânia, ou vão lidar com uma Ucrânia mais forte, apoiada por uma base industrial mais forte nos Estados Unidos e na Europa e dentro da Ucrânia, e mais capaz de se engajar na ofensiva”, disse Feiner.
Ajuda financeira
A Ucrânia, porém, se encontra atualmente em posição delicada. Os senadores do Partido Republicano bloquearam, na noite de quarta-feira 7, um projeto de lei de gastos emergenciais que forneceria bilhões de dólares em auxílio dos Estados Unidos para a Ucrânia. A ajuda financeira americana tem sido crucial para a resistência de Kiev.
O governo tentou tornar o pacote mais palatável ao incluir fundos para Israel, a quem o Congresso é mais favorável, bem como para a segurança da fronteira sul, com o México, mas os republicanos exigiram medidas ainda mais duras para controlar a imigração.
O pacote de US$ 110,5 bilhões (R$ 542 bilhões) forneceria cerca de US$ 50 bilhões para defesa e segurança da Ucrânia, bem como ajuda humanitária e econômica ao governo de Kiev. Outros US$ 14 bilhões seriam enviados para Israel, para combater o grupo terrorista palestino Hamas em Gaza.
+ Falta de ajuda financeira dos EUA levará à vitória da Rússia, diz Ucrânia
“Sem tempo e dinheiro”
Na terça-feira 5, Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o adiamento do auxílio de Washington a Kiev provocará um “grande risco” para as tropas ucranianas, culminando na vitória da Rússia.
A diretora de orçamento da Casa Branca, Shalanda Young, havia alertado na segunda-feira 4 que os Estados Unidos estão ficando sem tempo e recursos para apoiar Kiev na batalha contra Moscou.
“Quero ser clara: sem ação do Congresso, até ao final do ano ficaremos sem recursos para adquirir mais armas e equipamento para a Ucrânia e para fornecer equipamento dos stocks militares dos Estados Unidos”, escreveu ela em texto divulgado pela Casa Branca. “Não existe um fundo mágico disponível para enfrentar este momento. Estamos sem dinheiro – e quase sem tempo.”