‘Não tinha poder para influenciar Putin’, diz Angela Merkel
A ex-chanceler alemã disse que Putin sabia que sua carreira política estava acabando e que ela não teria mais influência sobre a Europa
![O presidente russo Vladimir Putin (R) e a chanceler alemã Angela Merkel (L) vistos durante sua coletiva de imprensa conjunta após sua reunião bilateral no Grande Palácio do Kremlin em 20 de agosto de 2021 em Moscou, Rússia . Angela Merkel chegou a Moscou na sexta-feira para se encontrar com o presidente Putin.](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/11/GettyImages-1234776515.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
A ex-chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu nesta sexta-feira, 25, sua política em relação à Rússia antes da invasão da Ucrânia e disse que ficou sem poder para influenciar o presidente russo, Vladimir Putin.
Em entrevista ao jornal alemão Spiegel News, ela disse que tentou convocar negociações europeias com Putin e com o presidente francês, Emmanuel Macron, em 2021.
“Eu não tinha mais o poder para conseguir o que eu queria. Todos sabiam que eu estava de saída”, disse ela.
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Após quatro mandatos como chanceler, Merkel deixou o governo da Alemanha, em dezembro de 2021. Pouco antes de entregar o cargo, ela fez uma última visita a Moscou em agosto e disse que “o sentimento na época era muito claro: em termos de política de poder, eu estava acabada”.
Para ela, Putin realizou um movimento significativo ao levar o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, com ele para o encontro. Anteriormente, as reuniões aconteciam apenas entre os dois chefes de Estado.
Pouco antes da invasão, o Kremlin intensificou sua presença militar nas fronteiras próximas à Ucrânia, enquanto os líderes da União Europeia pouco se movimentaram, o que levou críticos a cobrarem uma atitude mais dura e incisiva. Na entrevista, Merkel se defendeu e disse que sua posição de apoio aos ucranianos nas negociações de paz de Minsk, capital bielorrussa, deu tempo para que Kiev se defendesse melhor das tropas russas.
O acordo foi firmado logo após a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, mas deixou de fora pontos tidos como fundamentais, como desarmamento e supervisão internacional.
Por fim, a ex-chanceler disse não se arrepender de ter deixado o cargo porque sente que seus sucessores estão progredindo não apenas no conflito da Ucrânia, mas também na Moldávia, Geórgia, Síria e Líbia, todos envolvendo o Kremlin.