Na ONU, Xi Jinping critica intervenções militares do Ocidente
Líder chinês gravou discurso no qual não mencionou diretamente os EUA, mas no qual deixou várias mensagens para Washington

Em discurso na 76ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas nesta terça-feira, 21, o presidente da China, Xi Jinping, criticou intervenções militares e tentativas de impor a democracia em outros países, em uma aparente crítica aos Estados Unidos, apelando para uma nova forma de cooperação.
“Os recentes desenvolvimentos na situação internacional mostraram mais uma vez que a intervenção militar por forças externas e a chamada transformação democrática são extremamente prejudiciais”, declarou Xi em uma mensagem de vídeo de cerca de 15 minutos exibida durante a Assembleia Geral.
Segundo o presidente chinês, “a democracia não é um direito especial reservado a alguns países, mas sim algo a que todas as populações do mundo possam ter acesso”.
“Ações militares externas e a assim chamada transformação democrática não trazem nada a não ser danos”, afirmou.
Algumas horas antes, o presidente dos EUA, Joe Biden, havia defendido “uma competição vigorosa” com Pequim no mesmo palco, mas havia assegurado que não estava buscando “uma nova Guerra Fria ou um mundo dividido em blocos rígidos”.
Xi pediu para “renunciar a pequenos círculos de exclusão e jogos de soma zero” e para que sejam abordadas as diferenças “através do diálogo e da cooperação com base na igualdade e no respeito mútuo”.
“O sucesso de um país não implica necessariamente o fracasso de outro, pois há espaço total no mundo para o crescimento e progresso conjunto de todos”, destacou.
Ele apelou ao diálogo para “construir um novo tipo de relações internacionais” e “verdadeiro multilateralismo” em um momento em que o mundo está “em uma encruzilhada histórica”. De acordo com ele, “a China nunca invadiu ou atropelou outros, nem procurou a hegemonia no passado, nem o fará no futuro”.
Além das tensões geopolíticas, o presidente chinês abordou outras questões em seu discurso, como a Covid-19, uma pandemia que, em sua visão. o mundo vai superar “mais cedo ou mais tarde”.
“As vacinas são nossa poderosa arma contra a pandemia”, destacou Xi, que considera que elas deveriam ser consideradas um bem público global e estar disponíveis para todos os países.
Ele disse estar confiante de que a China seria capaz de fornecer ao mundo 2 bilhões de doses de vacinas neste ano e reiterou sua promessa de doar 100 milhões a países em desenvolvimento.