Na ONU, EUA e Rússia trocam acusações por apoio a ‘terroristas’ em conflito na Síria
Ataques na Síria foram iniciados na última quarta-feira pelo grupo armado Hay’at Tahrir al-Sham, listado como organização terrorista pelas Nações Unidas
Em clima de tensão, a Rússia e os Estados Unidos trocaram acusações devido ao apoio ao que chamaram de “terroristas” na Síria, durante reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, nesta quarta-feira, 4. Na semana passada, o Comando de Operações Militares, uma coalizão de rebeldes sírios, tomou o controle da cidade de Aleppo, algo inédito desde o cessar-fogo de 2020, iniciando um novo capítulo na guerra civil síria.
Os ataques na Síria foram iniciados na última quarta-feira pelo grupo armado Hay’at Tahrir al-Sham (HTS), listado como organização terrorista pela ONU e pelos Estados Unidos. Em meio à escalada de violência no país, foi convocada uma sessão do Conselho de Segurança, na qual o vice-embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood, apelou para o controle da hostilidades na Síria, mas ponderou que “as ações do HTS não justificam as novas atrocidades cometidas pelo regime de (Bashar al-) Assad e seus apoiadores russos”.
Além disso, Wood alegou que a Rússia estava por trás de ataques a hospitais e escolas na região, que resultaram em mortes de civis. Em resposta às acusações, o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, disse que o representante americano “conseguiu reunir coragem para condenar um claro ataque terrorista realizado contra civis pacíficos em cidades pacíficas da Síria”.
“Não há ilusões de que Washington algum dia estará disposta a combater sinceramente o terrorismo internacional”, acrescentou Nebenzia. “Para ser franco, estamos satisfeitos por estarmos em lados opostos das barricadas agora mesmo de vocês.”
O bate-boca não parou por aí. Wood rebateu e afirmou que a Rússia “apoia regimes que patrocinam o terrorismo ao redor do mundo” e que, por isso, não estava “em posição de nos dar sermão sobre essa questão”. Ele concluiu a discussão, ressaltando que “os Estados Unidos lutam contra o flagelo do terrorismo há décadas e continuarão a lutar”.
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Situação na Síria
Forças Armadas sírias bateram em retirada da segunda maior cidade do país, Aleppo, e o governo do presidente Bashar al-Assad assumiu que terroristas tomaram a maior parte do território, no sábado, 30. Foi uma reviravolta. O dia começou com um comunicado das Forças Armadas anunciando uma batalha dura contra os rebeldes. Ao que parece, a saída da cidade é estratégica. Ela foi classificada como “temporária” pelas Forças Armadas. O Exército lançou uma contraofensiva nesta quarta-feira.
O grupo HTS divulgou que encontrou pouca resistência no solo. Os sírios tentaram recuperar a cidade com ataques aéreos, sem êxito. Há registros de muitas baixas entre os sírios. Até o aeroporto foi controlado pelos terroristas. A população está trancada em casa, com medo da situação. Em contrapartida, os rebeldes tentam tranquilizar os moradores, com uma atitude simpática de colocar vans para distribuir pão na região. Trajados com uniformes camuflados de guerra, a tropa invasora faz patrulhas pelas ruas, em grupo e alinhados em fila, e prometem tomar toda a cidade.