Morre o ex-chanceler alemão Helmut Kohl
Ex-líder era conhecido como o pai da reunificação alemã
O ex-chanceler da Alemanha Helmut Kohl, um dos grandes nomes da história contemporânea e pai da reunificação alemã, morreu nesta sexta-feira, aos 87 anos, informou o jornal Bild. Ao lado do ex-presidente francês François Mitterrand, Kohl foi responsável pelo Tratado de Maastricht, que criou a União Europeia, e pela introdução do euro.
Kohl, o líder alemão que mais anos permaneceu no poder desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1982-1998), morreu em sua casa em Ludwigshafen, leste da Renânia-Palatinado, de acordo com a publicação, que mantinha vínculos estreitos com o político conservador.
No final de 1999, a carreira política de Kohl sofreu um duro golpe. Um dos maiores escândalos políticos e financeiros na Alemanha revelou que a democracia cristã do ex-chanceler estava envolvida em doações ilegais para a realização das campanhas eleitorais que lhe garantiram dezesseis anos consecutivos no poder e resultou na renúncia ao posto de presidente de honra da União Democrata Cristã (CDU).
Nesta sexta-feira, Merkel declarou que ex-chanceler “mudou (sua) vida de maneira decisiva” pelo papel que desempenhou durante o processo de reunificação do país. Kohl foi “uma sorte para nós alemães”, ressaltou Merkel em Roma. Ela cresceu na antiga Alemanha oriental, e começou sua carreira política durante a reunificação alemã, em 1990.
Kohl foi mentor da atual chanceler Angela Merkel, a quem ofereceu uma posição ministerial em 1991, até que o escândalo das doações ilegais provocou o rompimento da relação entre ambos.
Após uma queda em 2008, Kohl passou a usar cadeira de rodas e apresentar problemas de fala. Em 2013, os dois filhos acusaram publicamente Maike Kohl-Richter, esposa do ex-chanceler, de “mantê-lo como um prisioneiro”. Walter e Peter afirmaram que ela passou a controlar a vida de Kohl escrevendo suas cartas, decidindo quem poderia visitá-lo, impedindo inclusive o acesso dele a antigos amigos.
Carreira política
Helmut Kohl nasceu em 3 de abril de 1930 em uma família católica e conservadora. Durante a Segunda Guerra Mundial, sua cidade natal, Ludwigshafen, foi duramente bombardeada e Kohl, então com 12 anos, ajudou a recuperar dos escombros os corpos de muitos de seus vizinhos. Suas experiências na juventude durante a guerra influenciaram toda a carreira política.
Depois de estudar direito na Universidade Heidelberg, Kohl ingressou na vida política como deputado e tornou-se o mais jovem ministro-presidente do país, aos 39 anos. Três anos depois, assumiu a presidência da União Democrata Cristã, partido dominante na Alemanha Ocidental pós-guerra.
Kohl gravou seu nome na história por ter convencido os dirigentes soviéticos e americanos, Mikhail Gorbachev e George H. W. Bush, e os seus aliados europeus a permitir que a República Democrática Alemã se unisse à República Federal em 1990, após a queda do Muro de Berlim, um ano antes.
Assim, conseguiu acabar com a ocupação militar da Alemanha imposta por Washington, Moscou, Paris e Londres desde 1945 e pavimentou o caminho para a Alemanha se tornar uma potência internacional.
Com a reunificação da Alemanha concluída, Kohl passou a se dedicar à consolidação de outra integração: a União Europeia. Ao longo da década de 1990, contou com o apoio dos presidentes franceses François Mitterrand e Jacques Chirac, e a oposição da dama de ferro Margaret Thatcher, primeira-ministra britânica entre 1979 e 1990, para expandir e fortalecer o bloco.
(Com AFP)