Morre norueguês que liderou sabotagem a programa nuclear nazista
Joachim Ronneberg é considerado herói nacional por sua participação na destruição de usina controlada por alemães durante a Segunda Guerra

Joachim Ronneberg, o homem que liderou uma das mais importantes operações de sabotagem contra os nazistas na Noruega durante a Segunda Guerra Mundial, morreu neste domingo 21, aos 99 anos.
Em 1943, aos 23 anos, o norueguês comandou um grupo de oito soldados da resistência em uma operação secreta para destruir uma fábrica que produzia água pesada, paralisando o programa de pesquisa nuclear alemão.
Ronneberg era o último membro da equipe que participou da sabotagem ainda vivo. Segundo sua filha, ele morreu em Alesund, na costa oeste da Noruega, no domingo. A família não revelou detalhes sobre a causa da morte.
A operação Gunnerside
Situada na cidade de Rjukan, no sul da Noruega, a fábrica de Vemork era, naquela época, a única no mundo capaz de produzir água pesada em quantidades significativas. Os nazistas assumiram o controle das instalações da usina, depois de invadirem o país em 1940.
A água pesada é quimicamente semelhante à água normal, porém com átomos de hidrogênio cujos núcleos atômicos contém, além do próton característico da substância, um nêutron. Com a energia cedida pelo nêutron do átomo de hidrogênio, a água pesada atinge temperaturas muito altas e pode ser usada para a produção de energia elétrica em usinas nucleares.
A operação de sabotagem ao programa nuclear alemão ficou conhecida como Gunnerside. Ronneberg e outros oito soldados noruegueses foram treinados pelo SEO, sigla em inglês para Executivo de Operações Especiais do Reino Unido, para invadir o local.
Em fevereiro de 1943, o grupo entrou na fábrica de Vemork usando paraquedas e instalou explosivos em seu interior, provocando sua destruição parcial.
Os homens conseguiram escapar do local após a ativação das bombas usando esquis, enquanto eram perseguidos por mais de 300 guardas alemães. Eles percorreram mais de 320 quilômetros até cruzarem a fronteira com a Suécia.
Ronneberg relutou por um longo período em revelar sua experiência no conflito, apesar de muitos documentários e livros relembrarem os acontecimentos com louvor. Apenas na década de 1970 o norueguês começou a falar sobre suas façanhas.
O episódio foi retratado no cinema em 1947 com o filme “A Batalha de Água Pesada”, de Jean Dréville, e, em 1965, por “Os Heróis de Telemark”.
Joachim Ronneberg, considerado um herói nacional pelos noruegueses, se tornou jornalista depois da guerra e também ficou conhecido por seus esforços em conscientizar os jovens sobre os perigos da guerra.