Conhecida por comandar o emblemático movimento Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini morreu na Argentina neste domingo, 20, aos 93 anos. A ativista, que teve dois filhos e uma nora desaparecidos nos anos 1970, durante o período da ditadura militar naquele país, estava internada desde o último dia 12 em um hospital em La Plata, na província de Buenos Aires. A causa do óbito ainda não foi divulgada.
Em sua conta oficial no twitter, o presidente eleito Lula lamentou a morte de Hebe com uma foto ao lado da ativista. “Hebe dedicou sua vida à luta por memória e justiça. Defensora dos direitos humanos, ajudou a criar um dos mais importantes movimentos democráticos da América Latina.”, escreveu ele, destacando que a argentina, junto com outras mães, liderou “marchas silenciosas” por paz e justiça. “Sua luta e perseverança seguem sendo exemplo para os que acreditam em um mundo mais democrático.”, finalizou.
Uma das primeiras autoridades a comentar o falecimento de Bonafini nas redes sociais, a vice-presidente Cristina Kirchner ressaltou a importância de seu trabalho à frente do movimento de direitos humanos. “Queridíssima Hebe, Mãe da Praça de Maio, símbolo mundial da luta pelos Direitos Humanos, orgulho da Argentina. Deus te chamou no dia da Soberania Nacional… não deve ser coincidência. Simplesmente obrigado e até sempre”, declarou Kirchner na sua conta no Twitter.
Recebi com tristeza a notícia da morte de Hebe de Bonafini, liderança das Mães da Plaza de Mayo, na Argentina. Hebe dedicou sua vida à luta por memória e justiça. Defensora dos direitos humanos, ajudou a criar um dos mais importantes movimentos democráticos da América Latina. pic.twitter.com/SodkulCYQH
— Lula (@LulaOficial) November 20, 2022
Queridísima Hebe, Madre de Plaza de Mayo, símbolo mundial de la lucha por los Derechos Humanos, orgullo de la Argentina. Dios te llamó el día de la Soberanía Nacional… no debe ser casualidad. Simplemente gracias y hasta siempre. pic.twitter.com/TVUfmywmAi
— Cristina Kirchner (@CFKArgentina) November 20, 2022
Antes de seu quadro se agravar, Bonafini havia sido internada por três dias no mês passado para exames, mas teve alta. Em um comunicado, o governo da Argentina decretou três dias de luto oficial e disse que “presta homenagem a Hebe, à sua memória e à sua luta, que estará sempre presente como guia nos momentos difíceis”. O presidente argentino Alberto Fernández também lamentou a morte, dizendo que o país se despede com profunda dor e respeito a Hebe de Bonafini, “incansável lutadora pelos direitos humanos”.
O movimento das mães que protestavam por seus filhos desaparecidos, liderado por Hebe Bonafini, teve início em 30 de abril de 1977, em plena ditadura militar na Argentina, quando catorze mulheres se reuniram na Praça de Maio, em frente à sede do governo em Buenos Aires. A partir dali e por mais de 40 anos, seguiram-se inúmeros protestos e uma luta incansável pela verdade, memória, justiça e pela vida.
Em 8 de fevereiro de 1977, o filho de Bonafini Jorge Omar foi sequestrado em La Plata. Em 6 de dezembro do mesmo ano, o fato se repetiu com outro filho da ativista, Raúl Alfredo, em Berazategui. Um ano depois, em 25 de maio de 1978, a ditadura militar também sequestrou a sua nora María Elena Bugnone Cepeda, esposa de Jorge.
Em um comunicado nas redes sociais, a Secretaria de Direitos Humanos também homenageou a militante: “Hebe compartilhou junto com as Mães um destino que as uniu na luta contra a impunidade dos crimes do terrorismo de Estado, resistindo frente ao silêncio e ao esquecimento.”. Ao longo das últimas décadas, Bonafini estabeleceu um perfil polêmico ao se tornar uma militante aguerrida do kirchnerismo. Em 2017, chegou a ser processada por suposto desvio de recursos públicos.