Morre cientista que liderou criação de Dolly, o primeiro animal clonado
Feito gerou manchetes e debates éticos acalorados em 1996
O cientista britânico Ian Wilmut, que liderou as pesquisas que resultaram na criação do primeiro animal clonado no mundo, a ovelha Dolly, morreu aos 79 anos no último domingo, 10. A morte foi anunciada pela Universidade de Edimburgo, onde trabalhava, depois de anos diagnosticado com doença de Parkinson.
A pesquisa do biólogo embriologista, juntamente com Keith Campbell, do instituto de pesquisa em ciências animais da Escócia, foi capaz de criar a ovelha Dolly, o primeiro mamífero a ser clonado a partir de uma célula adulta. O feito gerou manchetes e debates éticos acalorados em 1996.
“Ele liderou esforços para desenvolver técnicas de clonagem, ou transferência nuclear, que poderiam ser usadas para produzir ovelhas geneticamente modificadas. Foram esses esforços que levaram ao nascimento de Megan e Morag em 1995 e de Dolly em 1996”, disse a universidade em um comunicado.
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Dolly, batizada em homenagem à cantora country Dolly Parton, foi clonada usando um processo chamado transferência nuclear de células somáticas (SCNT), que não envolvia a utilização de fertilização por esperma. O procedimento pegava um óvulo de ovelha, removia seu DNA e substituía pelo de uma célula congelada do úbere de um animal que morreu anos antes, que então era eletrocutado para fazê-lo crescer como um embrião.
A criação de Dolly desencadeou receios de clonagem reprodutiva humana ou de produção de cópias genéticas de pessoas vivas ou mortas. Porém, os cientistas envolvidos nos experimentos consideravam essa possibilidade muito perigosa.
“Com a triste notícia de hoje do falecimento de Ian Wilmut, a ciência perdeu um nome familiar. Seu legado impulsiona muitas aplicações interessantes emergentes da pesquisa em biologia animal e humana”, disse Bruce Whitelaw, diretor do Instituto Roslin.
Wilmut começou sua carreira acadêmica na Universidade de Nottingham, inicialmente para estudar agricultura, antes de mudar para ciência animal. Ele se transferiu para Universidade de Edimburgo em 2005, recebeu o título de cavaleiro britânico em 2008 e se aposentou da universidade em 2012.