A maratonista Rebecca Cheptegei, que competiu na Olimpíada de Paris por Uganda, morreu nesta quinta-feira, 5, quatro dias depois de seu ex-namorado atear fogo em seu corpo. O agressor, identificado como Dickson Ndiema Marangach, invadiu a casa da atleta no domingo, 1º de setembro, jogou gasolina sobre ela e a queimou viva na frente das duas filhas, de 9 e 11 anos, segundo a polícia local.
Mais de 75% do corpo da atleta de 33 anos ficou queimado. Ela foi levada para o Moi Teaching and Referral Hospital, na cidade de Eldoret, no Quênia, mas não resistiu. “Os ferimentos levaram à falência de múltiplos órgãos. Fizemos o possível, mas não conseguimos salvá-la”, disse Kimani Mbugua, diretor da UTI do Moi Teaching and Referral Hospital.
O boletim de ocorrência descreve Cheptegei e Marangach como “um casal que constantemente tinha discussões familiares”. De acordo com o pai da vítima, o ataque foi motivado por uma disputa sobre um terreno que ela havia comprado.
Donald Rukare, presidente do Comitê Olímpico de Uganda, lamentou a morte de Cheptegei em um post na rede social X, antigo Twitter, condenando a violência contra as mulheres. “Que sua alma gentil descanse em paz e condenamos fortemente essa violência”, disse ele.
Violência contra a mulher
Cheptegei, que terminou na 44ª posição nos Jogos de Paris, é a terceira atleta morta no Quênia nos últimos anos. Em outubro de 2021, a queniana Agnes Tirop, de 25 anos, medalhista de bronze nos 10 mil metros nos Mundiais de 2017 e 2019, foi morta a facadas em sua casa na cidade de Iten. Seu marido, Emmanuel Ibrahim Rotich, é acusado do assassinato, mas nega ser culpado.
Já em 2022, a corredora queniana Damaris Mutua foi encontrada morta, também em Iten. O principal suspeito do crime é seu companheiro.
“Esta tragédia é um lembrete gritante de que devemos fazer mais para combater a violência de gênero em nossa sociedade, que aumentou nos últimos anos nos círculos esportivos de elite”, disse o ministro de esportes do Quênia, Kipchumba Murkomen, que descreveu a morte de Cheptegei como uma perda “para toda a região”.
Cerca de 34% das mulheres entre 15 e 49 anos já foram vítimas de agressões físicas no país, muitas vezes por parte de seus próprios parceiros, de acordo com dados do governo.