Monte Fuji continua sem neve e atraso quebra recorde de 130 anos
Normalmente, cume da montanha no Japão começa a ficar branco por volta de 2 de outubro
O Monte Fuji, um dos cartões postais mais famosos do Japão e do mundo, continua sem neve em outubro pela primeira vez em 130 anos de registros meteorológicos. A Agência Meteorológica do Japão confirmou na segunda-feira, 28, que a ausência de neve até 29 de outubro supera o recorde anterior, registrado em 1955 e 2016, que era 26 de outubro.
Tradicionalmente, a cobertura de neve no Monte Fuji começa no início de outubro, mas até esta terça-feira, 28, o pico ainda estava limpo. A primeira queda de neve marca o início do inverno e ocorre após o fim da temporada de escalada, que neste ano acabou em 10 de setembro.
Neste ano, o Japão já registrou seu verão mais quente desde o início das medições, em 1898, informou a Agência Meteorológica em setembro. O outono também tem se mostrado atípico, com 74 cidades reportando temperaturas acima de 30ºC na primeira semana de outubro.
A situação no Japão não é um caso isolado; o verão passado quebrou recordes globais de temperatura, e 2024 promete ser um dos anos mais quentes na história. O fenômeno climático El Niño e a queima de combustíveis fósseis têm contribuído para o aquecimento global, intensificando os alertas de cientistas sobre a necessidade urgente de combater as mudanças climáticas.
A cobertura de neve desempenha um papel fundamental no ecossistema, regulando a temperatura do solo e fornecendo água para os rios e lagos da região. Sem essa camada, a biodiversidade local pode ser afetada, comprometendo recursos hídricos cruciais.
Desafios do turismo
Além dos impactos ambientais, o turismo, uma das principais atividades econômicas da região, também pode ser severamente afetado. Com 3.776 metros de altura, o Monte Fuji é um Patrimônio Mundial da UNESCO que atrai milhões de turistas anualmente. Contudo, o aumento de visitantes trouxe desafios, como o descarte de lixo no chão e o uso de equipamentos inadequados por alpinistas, resultando em acidentes.
Para enfrentar essas questões, as autoridades implementaram um imposto turístico em julho, cobrando 2.000 ienes (aproximadamente R$ 60) por visitante e limitando o acesso ao Monte Fuji a um máximo de 4 mil alpinistas por dia. Essas medidas visam preservar a integridade da montanha.