Ministro da Defesa sul-coreano apresenta renúncia após tentar impor lei marcial
Imprensa sul-coreana afirma que Kim Yong-hyun, amigo próximo do presidente, teve um papel de liderança no plano de impor o regime militar
O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Yong-hyun, ofereceu renúncia ao cargo por seu papel na tentativa fracassada do presidente do país, Yoon Suk-yeol, de impor a lei marcial, afirmou o ministério nesta quarta-feira, 4.
Kim, um oficial militar de carreira e colega de ensino médio de Yoon, foi nomeado em setembro, sob um manto de preocupações sobre seu relacionamento próximo com o presidente. Anteriormente, ele foi chefe de segurança presidencial de Yoon.
Segundo a imprensa sul-coreana, Kim desempenhou um papel de liderança no plano de impor o regime militar na terça-feira, que foi revertido seis horas após ser anunciado, por meio de uma votação no Parlamento.
Soldados foram enviados à Assembleia Nacional na manhã desta quarta-feira e foram confrontados por manifestantes e parlamentares, enquanto os deputados votavam para rejeitar o decreto de lei marcial. Os militares foram retirados do edifício legislativo logo após a votação.
Entenda a situação
O presidente sul-coreano decretou lei marcial sob o pretexto de proteger o país das “forças comunistas” e acusando a oposição de conduzir “atividades antiestatais” e citando suposta ameaça da Coreia do Norte. O mecanismo suspenderia temporariamente leis e direitos civis, substituindo-os pelas regras e pela administração militar.
Na prática, a população ficaria sujeita a uma série de regras mais rígidas até que a ordem fosse restabelecida, e Yoon justificou a medida como necessária para “garantir a liberdade e a segurança do povo” e “reconstruir um país livre e democrático”. O ato foi criticado até mesmo por membros do seu partido, o conservador Partido do Poder Popular.
Poucas horas depois do anúncio presidencial, o Parlamento do país votou de forma unânime para bloquear o decreto presidencial, mandando uma forte mensagem contra o que alguns políticos classificaram como uma tentativa de golpe de Estado.
Dos 300 parlamentares que compõem a casa, 190 participaram da sessão de emergência convocada durante o início da madrugada, e todos votaram contra a medida, vista como o mais sério desafio à democracia sul-coreana desde a década de 1980.
Imagens de televisão ao vivo mostraram militares, aparentemente encarregadas de impor a lei marcial, tentando entrar no prédio do Parlamento. Assessores parlamentares foram vistos tentando afastar os soldados usando extintores de incêndio. Os militares deixaram o prédio pouco depois da votação dos parlamentares.
Desde que assumiu o cargo, em 2022, Yoon tem lutado para impor suas agendas contra um Parlamento controlado pela oposição. Antes do anúncio, o Partido do Poder Popular estava preso em um impasse com o Partido Democrata sobre o projeto de lei do orçamento do próximo ano. Yoon também tem rejeitado pedidos de investigações independentes sobre escândalos envolvendo sua esposa e funcionários do alto escalão, atraindo críticas duras de seus rivais políticos.