Ministra francesa é criticada por estampar capa da Playboy
Episódio deu munição para oposição, que toma ruas do país há semanas contra impopular reforma da Previdência promovida por Emmanuel Macron
A secretária de Estado da França, Marlène Schiappa, causou polêmica ao estampar a capa da edição da revista Playboy que vai às bancas nesta semana. Apesar de estar vestida nas fotos, o episódio deu munição para a oposição, que toma ruas do país há semanas contra a impopular reforma da Previdência promovida pelo governo de Emmanuel Macron.
De acordo com a mídia local, a primeira-ministra Élisabeth Borne teria telefonado para Schiappa para criticar a decisão e dito que a atitude “não foi apropriada, especialmente no período atual”.
O movimento de protestos contra o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos é a maior crise doméstica do segundo mandato de Macron. Greves afetam refinarias, coleta de lixo, transporte ferroviário, aeroportos e escolas e autoridades em Paris e em várias cidades relataram confrontos entre a polícia e os manifestantes.
Sandrine Rousseau, parlamentar e ativista dos direitos das mulheres também criticou Schiappa.
“Os corpos das mulheres devem poder ser expostos em qualquer lugar, não tenho problema com isso, mas há um contexto social”, disse ela ao canal de TV BFM.
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Apesar da repercussão negativa, Schiappa defendeu sua posição. Em publicação no Twitter, disse estar “defendendo o direito das mulheres de fazer o que quiserem com seus corpos: em todos os lugares e o tempo todo. Na França, as mulheres são livres. Se isso incomoda os retrógrados e hipócritas ou não”.
Défendre le droit des femmes à disposer de leurs corps, c’est partout et tout le temps.
En France, les femmes sont libres.
N’en déplaise aux rétrogrades et aux hypocrites.#Playboy— 🇫🇷 MarleneSchiappa (@MarleneSchiappa) April 1, 2023
O editor da Playboy francesa, Jean-Christophe Florentin, também saiu em defesa da ministra e da própria revista, que costuma receber críticas de objetificação dos corpos das mulheres. Para ele, apesar de ainda conter algumas mulheres sem roupa, elas não são o foco da publicação.
“A Playboy não é uma revista pornográfica leve, mas um ‘mook’ (uma mistura de livro e revista) trimestral de 300 páginas que é intelectual e está na moda”, disse Florentin.
As fotos da ministra serão acompanhadas de uma entrevista sobre os direitos das mulheres e dos homossexuais, além de temas polêmicos como o aborto. Schiappa é convidada regular de programas de entrevistas na TV francesa e foi uma autora feminista antes de iniciar uma carreira na política.