Milhares de pessoas tomaram as ruas de Moscou e outras duas cidades russas neste domingo, 10, para protestar contra as restrições à internet. No mês passado, parlamentares apoiaram controles online mais rigorosos, que dizem ser necessários para evitar a intromissão estrangeira nos assuntos da Rússia. Mas alguns meios de comunicação locais compararam-os a uma “cortina de ferro” online.
Críticos apontam, por exemplo, que as medidas podem ser usadas para abafar a dissidência. Os manifestantes realizaram discursos em um palco e entoaram slogans como “tire as mãos da internet”. O evento reuniu cerca de 15 300 pessoas, segundo a White Counter, uma ONG que contabiliza participantes em comícios. A polícia de Moscou, porém, afirma ter registrado apenas 6 500 indivíduos.
“Se não fizermos nada, tudo ficará pior. As autoridades continuarão seguindo seu próprio caminho a um ponto sem volta”, disse Dmitry, manifestante de 28 anos que se recusou a dar seu nome completo, à agência Reuters. Ativistas da oposição denunciaram no Twitter que a polícia prendeu 15 pessoas na manifestação em Moscou, confiscando suas bandeiras e balões. As autoridades, contudo, negam e anunciaram que não houve prisões.
Os protestos em Moscou, na cidade de Voronezh, no sul, e em Khabarovsk, no extremo oriente, foram oficialmente autorizados pelo governo. Ativistas em São Petersburgo, todavia, foram às ruas sem o consentimento das autoridades.
Nos últimos anos, a Rússia tentou restringir as liberdades na internet, bloqueando o acesso a certos sites e serviços de mensagens, como o Telegram. O polêmico projeto de lei de fevereiro, alvo dos protestos, foi aprovado no parlamento russo na primeira de três revisões.
Ele busca rotear tráfego e dados da web russa através de pontos controlados pelo Estado e propõe a construção de um sistema nacional de nomes de domínio para permitir que a internet continue funcionando mesmo se o país for cortado da infraestrutura estrangeira.
A segunda leitura está prevista para março. Depois disso, se aprovada, a lei precisará ser assinada pela câmara alta do parlamento e depois pelo presidente Vladimir Putin.
(Com Reuters)