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Milhares de mulheres protestam contra Trump no mundo

Os organizadores da Marcha das Mulheres acreditam que 2,5 milhões de pessoas foram às ruas em mais de 600 marchas contra o novo presidente dos EUA

Por Da redação
Atualizado em 23 jan 2017, 17h55 - Publicado em 21 jan 2017, 19h02

Lideradas por mulheres, milhares de pessoas tomaram as ruas de Washington, Nova York, Chicago, Boston, Rio de Janeiro, Berlim (Alemanha), Roma (Itália), Sydney (Austrália), Londres (Inglaterra), Paris (França), Seul (Coreia do Sul) e Tóquio (Japão) neste sábado para exigir que o presidente Donald Trump respeite seus direitos e os das minorias. Os organizadores da Marcha das Mulheres acreditam que aproximadamente 2,5 milhões de pessoas foram às ruas em mais de 600 marchas contra Trump realizadas no exterior.

Em Washington, onde acontece a maior Marcha das Mulheres, os organizadores estimam a presença de 500.000 pessoas. O evento se concentrou perto do Congresso, onde se ouvia fortes gritos de resistência e luta pelos direitos das mulheres e de todas as minorias.

Em vídeo registrado durante o protesto nos Estados Unidos, milhares de mulheres empunhavam cartazes em protesto contra o novo presidente americano e cantavam, em coro, que “Donald Trump precisa ir”. Confira abaixo:

Em outro momento, as manifestantes entoavam, enquanto marchavam: “é assim que a democracia se parece”.

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“A marcha é uma demonstração de nossa solidariedade e um pedido para que Trump respeite todas as pessoas, de todos os credos e cores”, declarou à AFP Lisa Gottschalk, uma cientista de 55 anos que viajou da Pensilvânia para protestar.

Várias celebridades como o cineasta Michael Moore, a atriz Scarlett Johansson e a cantora Madonna participaram da manifestação. Inicialmente, a intenção era fazer uma marcha até os arredores da Casa Branca, mas devido à multidão maior do que o previsto, a maior parte das pessoas ficou concentrada na região da Independence Avenue, perto do Congresso. Uma pequena parte das pessoas, no entanto, continuou com o plano inicial e marchou em direção à Casa Branca.

Luta pelo justo

“Não podemos passar de uma nação de imigrantes a uma nação de ignorantes”, alertou uma das primeiras oradoras, a atriz de origem hondurenha América Ferrera, em referência à promessa de Trump de deportar entre dois e três milhões de imigrantes e construir um muro na fronteira com o México.

Uma das oradoras que mais recebeu aplausos foi Sophie Cruz, uma menina americana-mexicana de seis anos cujos pais se encontram em situação irregular e que ficou famosa em 2015, quando foi abraçada pelo papa Francisco.

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“Estamos aqui juntos para formar uma rede de amor que proteja as nossas famílias”, disse no palco, enquanto sua mãe, ao seu lado e vestida com uma roupa indígena, enxugava as lágrimas. “Também quero dizer às crianças que por favor não tenham medo porque não estamos sós (…) Vamos lutar pelo justo!”, pediu a menina.

A democrata Hillary Clinton, que perdeu para a Trump a chance de ser a primeira presidente mulher dos Estados Unidos, agradeceu aos manifestantes em sua conta do Twitter. “Obrigada por estar aí, por falar e marchar por nossos valores @womensmarch. Mais importante do que nunca. Realmente acho que sempre somos mais fortes juntos”, tuitou.

A atriz Scarlett Johansson também se manifestou no Twitter. “Presidente Trump, não votei em você, mas apoie minha filha, que, como resultado das suas nomeações, pode crescer em um país que está retrocedendo, não avançando, e que talvez não terá o direito de tomar decisões para o seu corpo e o seu futuro como a sua filha Ivanka teve o privilégio de poder”, pediu Scarlett.

A diva do pop, Madonna, surpreendeu os presentes ao se juntar ao protesto e subir no palco para se pronunciar sobre o novo governo. “Bem-vindo à revolução do amor. À rebelião. À nossa recusa como mulheres em aceitar essa nova era da tirania”, disse a cantora, encerrando horas de discursos por celebridades e ativistas.

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Visão sombria

Trump assumiu na sexta-feira a presidência dos Estados Unidos com um discurso inaugural marcado por um forte tom nacionalista e populista, no qual traçou uma sombria visão do declínio dos Estados Unidos sob o governo de seu antecessor, o democrata Barack Obama.

Ele falou das escolas ruins, da pobreza crônica, do aumento dos crimes, e garantiu que vai dar fim a “esta carniceria” e que só se guiará por um princípio: “Os EUA em primeiro lugar”. “Compre (um produto) americano, contrate americanos”, pediu.

“Estamos aqui determinados a frear a carniceria de Trump”, respondeu neste sábado Michael Moore na Marcha das Mulheres.

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Na sexta-feira, durante a posse, também houve protestos anti-Trump. Em alguns deles foram registrados choques violentos entre manifestantes e vandalismo, com mais de 215 pessoas detidas.

Um gorro rosa por mais respeito

Milhares de manifestantes, inclusive a cantora Madonna, vestem gorros de lã cor de rosa com orelhas de gato, que se tornaram símbolo do desafio ao novo governo. Os gorros, são chamados de “pussy hats”, em inglês. O “apelido” é um trocadilho, porque a palavra em inglês “pussy” pode significar tanto gatinho quanto a forma pejorativa de se referir ao órgão sexual feminino.

A palavra faz referência direta a um áudio de 2005 vazado durante a campanha eleitoral em que Trump, conhecido por sua retórica controversa e divisionista, afirma que “quando você é uma estrela, (as mulheres) deixam você fazer o que quiser. Pode agarrá-las pela vagina”.

Trump ofendeu as mulheres em numerosas ocasiões – incluindo uma ex-Miss Venezuela por seu sobrepeso – julgando-a por sua aparência. Também foi acusado por várias mulheres de assédio e de ter tido um comportamento inapropriado.

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(Com AFP)

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