Milhares de judeus deixaram a Rússia desde o início da guerra na Ucrânia
Um em cada oito judeus já deixaram o país por medo de represálias por parte do governo russo

A Rússia está enfrentando uma migração em massa para o exterior da população judaica, com pelo menos um em cada oito judeus tendo deixado o país desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro.
De acordo com a Agência Judaica, cerca de 20.500 judeus dos 165.000 estimados que vivem em território russo já cruzaram as fronteiras em direção a outros países. O motivo desse êxodo é o espectro da perseguição histórica, que voltou a rondar a mente da população depois do início do conflito.
Em Moscou, especificamente, houve um grande esforço para desenvolver a comunidade na região desde a queda da União Soviética, em 1991.
“Começamos do zero com sinagogas, escolas, jardins de infância, serviços sociais, professores, rabinos e membros da comunidade”, diz o rabino-chefe da cidade desde 1993, Pinchas Goldschmidt, que deixou o país com apenas duas semanas de guerra, em direção à Hungria e depois a Israel, à rede BBC.
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Segundo ele, era importante fazer um trabalho crítico contra a invasão da Ucrânia, mas temeu que isso pudesse colocar em risco a sua segurança caso fosse feito dentro da Rússia. A ação recebeu críticas de grande parte da comunidade judaica no país, que temiam que suas falas pudessem causar mais problemas.
A maioria dos judeus que deixaram o território russo foram em direção a Israel, que dá o direito à cidadania a qualquer um que possa provar que tem pelo menos um avô judeu.
Para a especialista em história judaica na Rússia da Universidade de Toronto, Anna Shternshis, os eventos históricos russos levaram à violência contra os judeus, como a revolução, a crise econômica do final do século 19 e a Segunda Guerra Mundial. A guerra na Ucrânia torna a situação no país uma incógnita.