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Merkel alerta: ‘A pandemia está no começo, o vírus ainda está aqui’

Chanceler alemã demonstra cautela, enquanto alguns governadores pressionam por maior relaxamento das normas de isolamento

Por Da Redação Atualizado em 27 Maio 2020, 16h40 - Publicado em 27 Maio 2020, 15h55

A chanceler alemã Angela Merkel voltou a demonstrar preocupação em relação a uma possível nova onda de contaminação do coronavírus no país, que vem flexibilizando as normas de isolamento há várias semanas. “Ainda estamos vivendo o início da pandemia. Ganhamos maior controle, mas o vírus ainda está aí”, afirmou Merkel a repórteres nesta quarta-feira, 27, de acordo com a rede alemã Deutsche Welle.

Uma das principais lideranças no combate ao coronavírus na Europa, Merkel pede que haja maior coordenação entre o governo federal e os estados na Alemanha na elaboração de medidas de flexibilização do isolamento. “Eu concordo que todos devem trabalhar em suas áreas de responsabilidade, mas é importante para mim como chanceler e para todo o governo federal que haja um consenso em discussões fundamentais.”

Merkel demonstrou sua preocupação depois de um encontro como líderes de estados da Alemanha, que a pressionam por um maior relaxamento nas restrições. Bodo Ramelow, governador da região da Turíngia, foi quem causou a maior controvérsia nesta semana ao propor que as restrições fossem revogadas e passassem a ser apenas recomendações, de forma que a população pudesse cumprir os requisitos de forma “voluntária”.

Há dois dias, Markus Soeder, governador da Baviera, o estado mais atingido, apoiou a cautela de Merkel e se opôs a uma reabertura rápida do turismo, ideia que vem sendo debatida pela União Europeia. “Na Itália, Espanha e França temos números de infecções completamente diferentes quando comparados com os da Alemanha, por isso peço ao governo federal que pense muito cuidadosamente sobre isto”, disse. “Ninguém deve ser enganado. O coronavírus continua mortal”, completou Soder.

Na última terça-feira 26, o governo prorrogou até 29 de junho as normas de isolamento que proíbem, por exemplo, que mais de dez pessoas, ou duas famílias, se reúnam em locais públicos e pede que a população mantenha uma distância mínima de 1,5 metro e utilize máscaras nos transportes públicos. Os estados, no entanto, têm autonomia para decidir sobre a reabertura de escolas e áreas do comércio. Desde o início de maio, há lojas e indústrias abertas no país, que também foi o primeiro a retomar seu campeonato de futebol, com jogos sem torcida, entre as principais ligas da Europa. 

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A Alemanha foi um dos países que teve maior sucesso no combate ao coronavírus, com 180.000 casos confirmados e pouco mais de 8.000 mortes, número de óbitos bem inferior ao dos principais vizinhos. Nas últimas semanas, porém, o país assistiu a pequenos surtos locais atingindo particularmente trabalhadores migrantes de fábricas, fiéis em um culto na igreja, e casas de refugiados, o que ligou um sinal de alerta nas autoridades. 

Merkel vem sendo pressionada pela reabertura da economia diante das previsões sobre a maior recessão histórica no país. Na semana passada, o Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) anunciou que o PIB da Alemanha caiu 2,2% no primeiro trimestre de 2020. Recentemente, a União Europeia apresentou um plano para resgatar o setor do turismo, que consiste em reabrir as fronteiras entre países-membro com perfis de risco de coronavírus similares.

O grupo pretende estabelecer “corredores turísticos”, ou seja, acordos multilaterais de abertura de fronteiras para tentar resgatar a indústria que é responsável por 10% da economia do bloco e emprega 12% de todos os seus trabalhadores registrados. O governo alemão já adiantou que pretende reabrir o turismo a partir de 15 de junho, se os casos de infecção continuem controlados. 

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Existe, no entanto, um temor sobre uma possível nova onda de contaminação, que vem ganhando eco na Ásia. Nos últimos dias, a Coreia do Sul, considerada um modelo na gestão da crise, viu o número de casos subir depois de flexibilizar as restrições. Nesta quarta, o país atingiu seu maior número de ocorrências em sete semanas.

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