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Mercosul cita ‘profunda preocupação’ com tensão entre Venezuela e Guiana

"América Latina deve ser um território de paz", diz documento assinado por membros

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 dez 2023, 18h42
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  • Depois de reunião em cúpula no Rio de Janeiro, chefes de Estado do Mercosul manifestaram “profunda preocupação” em nota conjunta nesta quinta-feira, 7, com a “elevação das tensões” entre a Venezuela.

    “A América Latina deve ser um território de paz e, no presente caso, trabalhar com todas as ferramentas de sua longa tradição de diálogo”, diz o documento assinado pelas partes do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e Chile, Colômbia, Equador e Peru.

    Mais cedo, durante a abertura da cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia afirmado que o “Mercosul não pode ficar alheio” à situação que se desenrola na Guiana, após a Venezuela declarar que vai anexar a região de Essequibo.

    “Estamos acompanhando com crescente preocupação a questão do Essequibo. O Mercosul não pode ficar alheio ao tema. Sugiro que o companheiro presidente de turno da Celac possa tratar o tema com as duas partes: a Guiana e a Venezuela. O Brasil está à disposição para sediar quantas reuniões de negociação forem necessárias”, disse Lula.

    “Não queremos que isso contamine a integração nacional ou ameace a paz e a estabilidade. Se há uma coisa que não queremos na América do Sul é guerra e conflito. Temos que construir a paz para poder melhorar a vida das pessoas”, completou.

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    Conselho de Segurança da ONU

    Na sexta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas irá se reunir para abordar as tensões regionais. Informações da agência de notícias francesa AFP, que teve acesso a um documento interno redigido pelo chanceler da Guiana, Hugh Hilton Todd, mostram que uma “uma reunião urgente” foi solicitada pelo governo guianense.

    A região conturbada, de 160 mil km², representa 74% do território da Guiana, país que administra a área desde 1996, ano em que declarou independência do Reino Unido. A Venezuela alega que o local, rico em petróleo e minérios, foi tirado de seu domínio através de uma arbitrária sentença de Paris, em 1899. A reivindicação de Maduro encontrou eco em um recente e controverso reverendo, realizado no último domingo, em que mais de 95% dos eleitores aprovaram a formação do estado de Guiana Essequiba.

    A consulta pública, contudo, registrou baixa participação da população: entre os 20,7 milhões de convocados, apenas 10,5 milhões compareceram às urnas. Embora o líder de Caracas tenha bradado a “vitória esmagadora”, o plebiscito não tem valor vinculativo, ou seja, não oferece um sinal verde oficial para que os planos de Maduro sejam concretizados. A burocracia parece não ter afetado o presidente, que concedeu nacionalidade aos 125 mil habitantes da região e divulgou o novo mapa do país, em que continha o território sequestrado.

    Na véspera, Maduro informou que a petrolífera estatal PDVSA permitirá a exploração de petróleo, gás e minerais em Essequibo, bem como implementou uma zona militar situada a 100 km da divisa entre os países. A disputa chamou, inclusive, a atenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), notório aliado de Caracas, que pediu “bom senso” de ambos os lados e enviou 16 blindados para Roraima, estado fronteiriço. 

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