A duquesa de Sussex, Meghan Markle, venceu nesta quinta-feira, 11, uma ação no Reino Unido contra a empresa editora do Mail on Sunday, jornal sensacionalista que ela havia denunciado por invasão de privacidade, após publicação de uma carta que a esposa do príncipe Harry escrevera ao seu pai.
Depois de uma batalha na Justiça que já durava dois anos, o juiz Mark Warby, da Alta Corte de Londres, decidiu que Meghan, de 39 anos, “tinha uma expectativa razoável de que o conteúdo da carta permaneceria no âmbito privado e os artigos do Mail on Sunday interferiram nessa expectativa”, afirmou.
A ação foi movida após a publicação de trechos da carta enviada a seu pai, o polêmico Thomas Markle, de 76 anos. O texto foi escrito em 2018, logo após o seu casamento com o príncipe Harry, neto da rainha Elizabeth II. Na carta, a duquesa pedia para que seu pai parasse de falar com a imprensa e deixasse de fazer falsas alegações sobre ela em entrevistas.
“Para estas publicações é um jogo. Para mim e muitos outros, é a verdadeira vida, verdadeiras relações e uma verdadeira tristeza. Os danos que causaram e continuam a causar são profundos. Você não pode pegar a vida privada de alguém e explorá-la de uma forma vergonhosa por dois anos”, reagiu Meghan.
Tentando evitar um processo altamente midiático — algo que os tabloides querem —, os advogados de Meghan pediram ao magistrado que emitisse uma “sentença sumária”, um procedimento que na lei anglo-saxônica permite que um caso seja resolvido sem julgamento. Warby considerou, no entanto, que deveria haver um julgamento limitado às questões relacionadas à propriedade dos direitos autorais, uma das acusações apresentadas pela duquesa, e marcou uma nova audiência para 2 de março, de modo que a vitória ainda não está completa.
Os advogados da Associated Newspapers argumentaram que as testemunhas precisam ser chamadas para esclarecer se a duquesa planejou que a carta se tornasse pública, como parte de uma estratégia midiática. A organização sugeriu ainda que ex-membros da equipe de comunicação do casal pudessem testemunhar, tornando públicos detalhes possivelmente comprometedores sobre as vidas do príncipe e de sua esposa.
Os advogados de Meghan negaram que ela pretendesse tornar a carta pública a qualquer momento, ou que tenha colaborado com os autores da biografia “Finding Freedom“, que narra o afastamento dramático do casal frente a monarquia britânica, e que também continha trechos parciais da carta.
Meghan e Harry deixaram suas funções reais em março do ano passado e agora vivem na Califórnia. Eles iniciaram uma série de ações legais contra a mídia alegando invasão de privacidade, mencionando as fotos de seu filho, Archie, tiradas pelos paparazzi. Isso gerou críticas, já que o casal está lançando projetos de grande repercussão pública, como um podcast do Spotify no qual seu filho fez uma breve aparição.
O príncipe Harry aceitou, no início do mês de fevereiro, uma indenização do mesmo jornal, que o havia acusado de desprezar o Exército depois de abandonar suas responsabilidades como membro da família real. Harry entrou com um processo por difamação em relação a dois artigos “quase idênticos” publicados em outubro, alegando que ele “não mantinha contato” com os militares desde março. Os fundos irão para a Invictus Games Foundation, criada por ele para ajudar ex-militares deficientes, conforme anunciado por sua advogada Jenny Afia.