Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Me chamem de doutora: Jill Biden, a nova primeira-dama americana

Confidente do marido, ela não quer saber de bem-bom: tem alta qualificação acadêmica e emprego remunerado, que pretende manter

Por Ernesto Neves Atualizado em 4 jun 2024, 14h06 - Publicado em 29 jan 2021, 06h00

A cada primeira-dama que entra na Casa Branca, vem a pergunta: o que ela vai fazer de diferente neste posto de tão estreita janela criativa? Alvo atual das expectativas, Jill Biden, 69 anos, começa levando vantagem. Será a primeira mulher de presidente a ter um emprego remunerado. Jill é professora universitária de redação, com mestrado, doutorado e fama de durona — entre seus alunos, o comentário mais frequente é a raridade de notas altas dadas à turma. Com a suspensão das aulas por causa da pandemia, ela pôde se preparar tranquilamente para a posse de Joe Biden no dia 20 — na qual circulou com um correto conjunto de lã azul de Alexandra O’Neill, estilista conhecida por apoiar causas sustentáveis — e dias depois ir a pé ao Capitólio distribuir, simpaticamente, guloseimas para integrantes da Guarda Nacional que se amontoavam pelo prédio, encarregados da segurança da capital na explosiva transição pós-Donald Trump.

CARINHO - Abraço e beijo no dia da posse: casamento já dura quase meio século -
CARINHO - Abraço e beijo no dia da posse: casamento já dura quase meio século – (Andrew Harnik/AFP)

À vontade, postou nas redes sociais a chegada à nova moradia de Champ e Major, os dois pastores-­alemães do casal. É sabido que pretende se empenhar em duas causas, a ampliação do ensino universitário gratuito e a prevenção e tratamento de câncer de mama. No mais, Jill deve ter, sim, forte influência no governo, mas sem aparecer muito — é nos bastidores que ela exerce seu papel de confidente e interlocutora de confiança de Biden, com quem está casada há 44 anos.

Não será a primeira vez que Jill se divide entre a sala de aula e os altos círculos de Washington. Entre 2009 e 2017, enquanto o marido foi vice de Barack Obama, a segunda-dama seguiu lecionando em um community college (um braço do ensino superior americano que prepara alunos para o diploma definitivo) na Virgínia, tão discreta que nem era notada no câmpus. Na época, obrigou seus guarda-costas a se vestir de modo a mesclar-se com os estudantes. A vida de gente como a gente virou motivo de brincadeiras na Casa Branca, como a ocasião em que passou por uma reunião carregando uma pilha de papéis e Obama fez piada: “Alguém aqui tem um trabalho normal. Conta para a gente como é, Jill”. “Os americanos enxergam a primeira-dama como alguém que existe para dar suporte ao marido. Jill Biden rompe com isso, é uma mulher do século XXI”, diz Katherine Jellison, professora de história da Universidade de Ohio. Orgulhosa de seus méritos acadêmicos, ela sempre se apresenta como doutora Biden — tema de um artigo no conservador The Wall Street Journal sugerindo que, no mundo moderno, o termo só deveria se aplicar a médicos. Ela rebateu, no Twitter: “Vamos construir um mundo em que as realizações de nossas filhas sejam celebradas, e não diminuídas”.

FAMÍLIA - Biden em campanha (1988), com os filhos e o pai: Jill criou os meninos -
FAMÍLIA – Biden em campanha (1988), com os filhos e o pai: Jill criou os meninos – (Sen. Biden’s office/AP/Glow Images/.)
Continua após a publicidade

Mais velha de cinco irmãos, Jill cresceu em um subúrbio de classe média da Filadélfia. Casou-se aos 18 anos e separou-se aos 23. O primeiro encontro com Biden, exaustivamente relatado em biografias e entrevistas, teria sido arranjado pelo irmão dele, em 1975. Jill estava saindo do divórcio e Biden ainda se recuperava da perda, três anos antes, da mulher, Neilia, e da filha Naomi, de 13 meses — as duas foram vítimas de um acidente de carro que deixou os garotos, Beau e Hunter, de 3 e 2 anos, gravemente feridos. Só se casariam dois anos e cinco pedidos depois. “Os filhos de Joe não podiam perder outra mãe. Precisava ter 100% de certeza”, justificou ela. Os dois tiveram uma filha, Ashley, em 1981, e por algum tempo Jill deixou de trabalhar para cuidar dos três, sendo tratada como a mãe de Beau (que morreu de câncer em 2015) e de Hunter, o filho-problema, que se envolveu com drogas e suspeitas de negociatas, supostamente regenerado.

Ao contrário da arredia Melania Trump, Jill é desenvolta, acessível e popular, lidando com o público com a tarimba de quem passou toda a vida adulta circulando pelo difícil ambiente político de Washington (Biden já era senador quando se casaram). Gosta de se vestir bem, sem ousadias, e não deve ter problemas em se ver examinada com lupa a cada noite de gala na Casa Branca. Depois da posse, enquanto o marido assinava ordens executivas e encaminhava decretos para dar conta de uma infinidade de problemas — pandemia em alta, vacinação lenta, impeachment de Trump monopolizando o Senado —, Jill ouvia de auxiliares a orientação de olhar com calma a sombra do ex-marido, Bill Stevenson, de quem, aliás, foi sócia em um bar durante o casamento. Figura conhecida em Delaware, onde todos têm residência, Stevenson, empresário de sucesso, anda espalhando que o romance de Jill e Biden começou quando ela ainda estava casada e ameaça escrever um livro. “Não guardo rancor, acho que será uma ótima primeira-dama. Mas é a minha história também”, diz. Caso Stevenson venha a cumprir a promessa, a volta às aulas da doutora Biden será animada.

Publicado em VEJA de 3 de fevereiro de 2021, edição nº 2723

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.