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Martín Vizcarra deixa sede do governo do Peru após impeachment

Presidente peruano foi destituído pelo Congresso acusado de 'incapacidade moral' após casos de corrupção

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 nov 2020, 09h04 - Publicado em 10 nov 2020, 08h55

O presidente do Peru, Martín Vizcarra, acatou nesta segunda-feira 9 a decisão do Congresso de destituí-lo do cargo por “incapacidade moral” em processo de impeachment e deixou o Palácio Presidencial. Ele fez um discurso de despedida na frente da sede do governo, em Lima.

Vizcarra declarou que deixa o poder “de cabeça erguida” e descartou entrar com ações legais para recorrer da decisão do Congresso. “Deixo o palácio de governo como entrei, há dois anos e oito meses: de cabeça erguida”, declarou, rodeado por seus ministros, no pátio da casa de governo, anunciando que seguirá imediatamente para sua residência particular.

“Diretamente e como Martín Vizcarra, não entrarei com nenhuma ação legal para resistir à destituição. Não quero que, de forma alguma, possa ser entendido que meu espírito de serviço ao povo tenha sido apenas uma vontade de exercer o poder”, assinalou, afirmando que irá provar a “falsidade” das acusações contra ele durante as investigações que devem ser realizadas pela promotoria.

“Parto com a consciência tranquila e o dever cumprido”, afirmou Vizcara, que gozou de níveis recorde de popularidade em seus 32 meses de governo, o que se refletiu em passeatas e panelaços em seu apoio na capital e em outras cidades após a sua destituição.

Impeachment

Em uma votação plenária que terminou com placar de 105 votos a favor da cassação – eram necessários 87 -, os parlamentares decidiram que Vizcarra é “moralmente incapaz” de ocupar o posto devido a acusações de que ele cometeu atos de corrupção quando era governador da região de Moquegua (entre 2011 e 2014).

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Com isso, o cargo será ocupado pelo presidente do Congresso, Manuel Merino, do grupo político Ação Popular, de oposição ao governo de Vizcarra e que deve ser empossado amanhã à tarde.

A decisão do Congresso foi encarada como uma surpresa, pois embora se soubesse que muitos parlamentares já estavam pensando em forçar a saída de Vizcarra, tudo parecia indicar que ainda não havia um número suficiente para que tivessem sucesso na votação.

Como havia prometido, Vizcarra apresentou pessoalmente sua defesa no Congresso e negou categoricamente ter recebido qualquer tipo de propina. Ele também criticou duramente o processo de destituição por ter sido aberto com base em delações premiadas não homologadas pela Justiça.

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“Não há provas de flagrante delito, nem haverá, porque não cometi um crime, não recebi propina (…) Estes são fatos falsos, não corroborados, um processo de investigação está apenas começando, são hipóteses”, argumentou.

Congresso hostil

Entretanto, o Congresso foi hostil às alegações, e Vizcarra foi acusado de “mentir”, de ser “imoral”, “corrupto” e de ser de fato responsável por toda a instabilidade política pela qual o país está passando.

A votação parlamentar mostrou também o absoluto isolamento político do agora ex-presidente, que não tinha uma bancada oficial de apoio no Congresso – mesmo os deputados que votaram a favor de sua permanência no poder o consideraram responsável pelos crimes pelos quais ele é acusado.

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Primeiro pedido de impeachment

O primeiro pedido de destituição de Vizcarra, do qual ele escapou, foi votado em setembro, após uma série de gravações de áudio vazadas por sua assistente pessoal, Karem Roca, na qual ele parece querer esconder reuniões com Richard Swing, um músico desconhecido que conseguiu contratos públicos, supostamente, por ser amigo do governante.

A maioria dos parlamentares negou o pedido de cassação para manter a estabilidade no país e depois que o presidente do Congresso, Manuel Merino, a força motriz por trás do processo, entrou em contato com as Forças Armadas e tentou criar um “governo sombra” antes mesmo de as alegações contra o presidente se tornarem conhecidas.

(Com EFE e AFP)

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