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Atirador da Nova Zelândia se diz ‘homem branco comum’ e ‘fascista’

Texto atribuído ao autor do massacre em mesquitas menciona Donald Trump como'símbolo de uma identidade branca renovada'

Por Da redação
Atualizado em 15 mar 2019, 16h57 - Publicado em 15 mar 2019, 13h14

Com um manifesto publicado na internet, o suspeito de cometer o atentado nas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, exalta sua ideologia anti-imigração e cita o terrorista de extrema direita Anders Breivik, que matou 77 pessoas na Noruega há oito anos. No texto, ele também se descreve ora como um “fascista etnonacionalista”, ora como um “homem branco comum” que decidiu tomar uma atitude.

No texto, ele elogia o presidente americano, Donald Trump, como “um símbolo de uma identidade branca renovada”, mas não como um “líder político”. Após o atentado, o presidente americano manifestou condolência aos neozelandeses. “Nós somos solidários ao povo da Nova Zelândia e a seu governo contra este ato perverso de ódio.”

O autor da postagem, que teria nascido na Austrália, é o mesmo homem que matou pelo menos 49 pessoas em um massacre contra fiéis muçulmanos nesta sexta-feira, 15, segundo os investigadores. Ele assinou o texto como Brenton Tarrant.

No documento de 74 páginas, publicado em uma plataforma virtual na chamada “dark web”, onde circulam informações e negócios ilegais, e em um perfil no Twitter, o suspeito menciona Breikiv, supremacista que explodiu  um carro-bomba em Oslo e atirou em jovens que participavam de um acampamento do Partido Trabalhista local em uma ilha perto da capital da Noruega.

No texto do manifesto, o atirador das mesquitas sustenta que teve um “breve contato” com o criminoso europeu, ocasião em que teria recebido a “benção” de Breivik, preso e condenado a 21 anos de reclusão por seus crimes.

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Brenton Tarrant, de 28 anos publicou o manifesto com o título de “A Grande Substituição”. A escrita expõe um discurso inflamado sobre o “genocídio branco” e lista os diversos objetivos do ataque, incluindo a criação de “uma atmosfera de medo” contra os islâmicos. O autor ainda culpa a imigração de muçulmanos pela “decadência” da cultura da Europa Ocidental.

No documento, ele não se identifica como australiano, preferindo exaltar mais genericamente suas “raízes brancas”. “As origens de minha língua são europeias, minha cultura é europeia, minhas crenças políticas são europeias, minhas crenças filosóficas são europeias, minha identidade é europeia e, mais importante, meu sangue é europeu”, escreveu.

Ele ainda detalhou seu histórico familiar, destacando que não foi motivado por nenhum grande trauma em sua vida pregressa, mas por um propósito de “defender” o Ocidente de uma suposta ameaça islâmica. “Sou apenas um homem branco comum, de uma família comum, que decidiu tomar uma atitude para garantir o futuro do meu povo”, diz o texto, “meus pais são descendentes de escoceses, irlandeses e ingleses. Eu tive uma infância normal, sem grandes problemas.”

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Tarrant ainda se declarou um “etnonacionalista e fascista” e afirmou que não busca fama com o atentado, já que seria “pessoa discreta e introvertida.” Segundo ele, o ataque foi planejado ao longo de dois anos e, apesar de não ter sido sua primeira opção, Christchurch, foi o cenário escolhido com três meses de antecedência.

“Eu cheguei à Nova Zelândia apenas para viver temporariamente enquanto eu planejava e treinava, mas logo descobri que o país era um alvo tão adequado quanto qualquer outro lugar no Ocidente”, justificou o atirador.

O suspeito queria enviar a mensagem de “que nenhum lugar no mundo é seguro”, de acordo com o documento, e a escolha pelas armas de fogo foi pensada para dar mais publicidade ao ataque, já que o número de vítimas atingidas seria mais alto.

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“Escolhi armas de fogo pelo efeito que isso teria no diálogo social, por mais cobertura midiática e pelo efeito que isso pode ter nas políticas dos Estados Unidos e, desta forma, na situação política de todo mundo.”

O ataque

Fiéis de duas mesquitas foram alvejados por tiros na terceira maior cidade da Nova Zelândia nesta sexta-feira. Até o momento, 49 pessoas morreram, das quais quarenta estavam na mesquita Al Noor Mosque e as outras nove, no templo de Linwood, no subúrbio de Christchurch. Os muçulmanos estavam reunidos para as orações de sexta-feira, dia sagrado da semana segundo o calendário do Islã.

A primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, descreveu os tiroteios como “ataques terroristas bem planejados” e lamentou “um dos dias mais sombrios” da história do país. A polícia local não informou se Tarrant é um dos presos sob sua custódia. Outras três pessoas foram detidas pouco depois dos ataques, na tarde desta sexta no horário local, por suspeita de conexão com o caso.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse que foi informado sobre a prisão de um cidadão do país e descreveu o “manifesto” como um “trabalho de ódio.”

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