Nicarágua prende mais um padre crítico ao regime de Ortega
Fernando Zarma foi detido após assistir uma missa do principal líder católico do país; pelo menos 40 religiosos foram expulsos do território nicaraguense
Mais um padre foi preso no domingo 9 sob ordens do regime de Daniel Ortega, na Nicarágua, ampliando a repressão contra lideranças católicas no país. Fernando Zarma, que também atua nas funções administrativas da igreja, teria sido detido após comparecer a uma missa do principal líder católico do país, o cardeal Leopoldo Brenes.
Segundo a agência de notícias Reuters, a polícia ainda não informou quais são as acusações contra o sacerdote.
A Igreja Católica tornou-se alvo frequente do governo nicaraguense nos últimos cinco anos. Em 2022, padres passaram a delatar ações de espionagem e espancamentos promovidos por autoridades locais. Em retaliação às denúncias, o clero foi submetido a vastas investigações de lavagem de dinheiro, perdendo o acesso às contas bancárias de templos.
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, alega que líderes católicos estão envolvidos em atividades criminosas, que supostamente fariam parte de um plano para um golpe de Estado. Como consequência, 40 religiosos foram expulsos do território nicaraguense, incluindo o padre panamenho Donaciano Alarcón.
+ Nicarágua solta bispo condenado a mais de 25 anos de prisão
Ao todo, quatro padres foram presos pelo regime, como é o caso do bispo Rolando Álvarez. Em fevereiro deste ano, ele foi condenado por traição, sem julgamento, a 26 anos de prisão. Na semana passado, Álvarez foi libertado brevemente, mas as negociações para que ele deixasse o país não avançaram. Outros 77 católicos foram exilados desde 2018, ano em que a crise sociopolítica escalou.
Segundo a agência de notícias Confidencial, o padre nicaraguense Juan Carlos Sánchez foi impedido de entrar na Nicarágua após viajar para a Bolívia e os Estados Unidos. Quando tentou embarcar em um voo na cidade americana de Miami, no último sábado, foi barrado pelas autoridades de sua terra natal.
Outras 12 autoridades locais também tiveram a entrada proibida. Ao todo, 17 fiéis optaram pelo exílio por motivos de segurança, enquanto outras oito pessoas tornaram-se apátridas por serem “fugitivas da polícia” por crimes de traição.