Mais de 100 mil pessoas de Nagorno-Karabakh fugiram para Armênia
Alto Comissário da ONU para Refugiados disse que cidadãos estão exaustos e pediu ajuda internacional após dissolução de governo autônomo
O Alto Comissário da Organização das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, divulgou em sua conta no X, antigo Twitter, que mais de 100 mil pessoas que fugiram de Nagorno-Karabakh após ataques do Azerbaijão na semana passada e anúncio da dissolução do governo autônomo já chegaram à Armênia. “Muitos estão com fome, exaustos e precisam de assistência imediata”, declarou. Segundo Grandi, entidades humanitárias estão dando suporte ao governo armênio, “mas ajuda internacional é urgentemente necessária”.
Com a fuga em massa, mais de 80% população de Karabakh, estimada em 120 mil pessoas, deixou o local. O medo é de represálias e ataques, temor que aumentou diante da explosão de um depósito de combustíveis na região, que fica no sul do Cáucaso, enquanto grupos partiam na última terça-feira, 26. O incidente matou ao menos 125 pessoas e quase 300 tiveram de ser hospitalizadas.
Região etnicamente armênia, Nagorno-Karabakh é internacionalmente reconhecida como parte do Azerbaijão e, desde 1994, tem um governo autônomo que foi instituído por um movimento separatista. A situação já resultou duas guerras entre os países nas últimas três décadas, a última em 2020.
Nos últimos dez meses, a tensão voltou a crescer depois que tropas do Azerbaijão bloquearam o corredor de Lachin, única estrada que liga o território à Armênia, resultando em escassez de alimentos, medicamentos e combustível para a população.
O Crisis Group, organização independente que atua na prevenção de guerras, publicou nota nesta sexta-feira, 29, demonstrando preocupação com o apoio que a Armênia poderá dar aos refugiados.
“Os números já excedem o limite máximo daquilo que as autoridades estavam preparadas para acomodar. Com mais refugiados esperados nos próximos dias e semanas, a Armênia, um país com uma população de pouco menos de 3 milhões de habitantes, já luta para lidar com a situação.”