Maduro anuncia novo câmbio e desvaloriza moeda em 96%
Economistas estimam que o novo plano do ditador venezuelano servirá apenas para estimular a hiperinflação no país
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou uma taxa de câmbio única atrelada à criptomoeda Petro, cuja criação foi anunciada por seu governo no final do ano passado. A nova medida implicou na desvalorização de 96% da moeda do país em relação ao dólar. Para economistas, a decisão estimulará a hiperinflação.
Em uma das maiores reformas econômicas promovidas pelo governo nos cinco anos em que Maduro está no poder, o chavista afirmou que aumentará o salário mínimo em 3.000%, elevará a taxa de imposto corporativo e aumentará os preços do combustível subsidiado nas próximas semanas.
“Eu quero que o país se recupere e tenho a fórmula. Confie em mim”, disse Maduro em discurso transmitido à noite pela televisão estatal.
Maduro declarou que cada Petro, equivalente a 60 dólares em barril de petróleo venezuelano, valerá 3.600 bolívares soberanos, ou 360 milhões dos atuais bolívares.
A taxa de câmbio de referência ficará bem acima da atual diante do cenário apresentado por Maduro. Economistas já se mostraram céticos com relação aos planos do ditador. Há dúvidas de que o governo falido da Venezuela, que enfrenta sanções dos Estados Unidos, será bem-sucedido nesta empreitada.
Análises indicam que os venezuelanos sofrerão ainda mais reduções nos seus escassos salários, enquanto companhias terão de lutar para se adequar aos aumentos de impostos e do salário mínimo.
“Em meio a essa desvalorização agressiva e aumentos monetários devido aos salários e bônus, estamos esperando um estágio muito mais agressivo de hiperinflação. Ainda mais em um contexto onde a eliminação da impressão excessiva de dinheiro não é credível. Este é o pior de todos os mundos”, disse o economista venezuelano Asdrubal Oliveros, da consultoria Ecoanalitica.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que a inflação na Venezuela atingirá 1 milhão por cento neste ano.
Após uma década de bonança pelo petróleo, que gerou um boom de consumo no país membro da Opep, muitos cidadãos pobres estão agora sem comida, enquanto os salários mensais se resumem a alguns poucos dólares por mês. Centenas de milhares de venezuelanos imigraram de ônibus pela América do Sul em uma das piores crises de migração da região.
“Campeões mundiais em desastres econômicos” disse o líder da oposição Henrique Capriles em seu Twitter após o anúncio de Maduro. “Nenhum venezuelano merece viver essa tragédia ou que essas pessoas incapazes destruam nossa nação.”
Maduro disse que irá rever as taxas de câmbio díspares da Venezuela e fixar salários, pensões e preços ao Petro. Não ficou imediatamente claro como o governo pretende realizar as mudanças financeiras. O Ministério da Informação não forneceu maiores detalhes sobre o plano.
(Com Reuters)