Maduro ameaça ‘quebrar os dentes’ dos EUA e canta ‘Don’t Worry, Be Happy’; veja vídeo
Durante marcha em Caracas, ditador pediu para que venezuelanos sejam como 'guerreiros'
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta quarta-feira, 10, para que agricultores e pescadores se preparassem para “quebrar os dentes” dos Estados Unidos. Em seguida, soltou ao voz na música Don’t Worry, Be Happy (“Não se preocupe, seja feliz”, em tradução livre), de Bobby McFerrin. A declaração ocorre em meio à escalada das tensões entre EUA e Venezuela, reflexo do envio das forças americanas para o Caribe e Pacífico em suposto cerco ao narcotráfico.
“As mesmas mãos produtivas que temos são as mãos que empunham fuzis, tanques e mísseis para defender esta terra sagrada de qualquer império invasor, de qualquer império agressor”, disse o líder chavista na marcha pelo 166º aniversário da Batalha de Santa Inés, em Caracas.
Maduro também afirmou que os venezuelanos deveriam ser como “guerreiros” e estar preparados “preparados para quebrar os dentes do império norte-americano, se necessário”, acrescentando: “Vale ressaltar que surgiu em todo o mundo um poderoso movimento de opinião pública que rejeita a agressão militar dos Estados Unidos contra a Venezuela e o Caribe”.
Ainda na quarta, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a apreensão de um petroleiro na costa venezuelana. Em resposta, Maduro condenou o “ato de pirataria internacional” e disse que “os verdadeiros motivos da prolongada agressão contra a Venezuela foram finalmente revelados”. Segundo o ditador, o governo americano está interessado nos “recursos (naturais) que pertencem exclusivamente ao povo venezuelano”.
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Tensão no Caribe
No final de outubro, o líder americano revelou que havia autorizado a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela, aumentando as especulações em Caracas de que Washington quer derrubar o ditador Nicolás Maduro. Fontes próximas à Casa Branca afirmam que o Pentágono apresentou a Trump diferentes opções, incluindo ataques a instalações militares venezuelanas — como pistas de pouso — sob a justificativa de vínculos entre setores das Forças Armadas e o narcotráfico.
Os EUA acusam Maduro de liderar o Cartel de los Soles — designado uma organização terrorista estrangeira em novembro — e oferecem uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do chefe do regime chavista. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também foi acusado por Trump de ser “líder do tráfico de drogas” e “bandido”. Em paralelo, intensificam-se os ataques a barcos de Organizações Terroristas Designadas, como define o governo americano, no Caribe e no Pacífico. Ao menos 83 tripulantes foram mortos.
Há poucas semanas, militares americanos de alto escalão apresentaram opções de operações contra Caracas a Trump. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, o chefe do Estado-Maior Conjunto, Dan Caine, e outros oficiais entregaram planos atualizados, que incluíam ataques por terra. Segundo a emissora CBS News, a comunidade de Inteligência dos EUA contribuiu com o fornecimento de informações para as possíveis ofensivas na Venezuela, que variam em intensidade.
O planejamento militar ocorre em meio à crescente mobilização militar americana na América Latina e ao aumento das expectativas de uma possível ampliação das operações na região, em atos considerados como “execuções extrajudiciais” pela Organização das Nações Unidas (ONU). Além do porta-aviões, destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6.500 soldados foram despachados para o Caribe, enquanto Trump intensifica o jogo de quem pisca primeiro com o governo venezuelano.
Os incidentes geraram alarme entre alguns juristas e legisladores democratas, que denunciaram os casos como violações do direito internacional. Em contrapartida, Trump argumentou que os EUA já estão envolvidos em uma guerra com grupos narcoterroristas da Venezuela, o que torna os ataques legítimos. Autoridades afirmaram ainda que disparos letais são necessários porque ações tradicionais para prender os tripulantes e apreender as cargas ilícitas falharam em conter o fluxo de narcóticos em direção ao país.
Dados das Nações Unidas enfraquecem o discurso de caça às drogas. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 indica que o fentanil — principal responsável pelas overdoses nos EUA — tem origem no México, e não na Venezuela, que praticamente não participa da produção ou do contrabando do opioide para o país. O documento também aponta que as drogas mais usadas pelos americanos não têm origem na Venezuela — a cocaína, por exemplo, é consumida por cerca de 2% da população e vem majoritariamente de Colômbia, Bolívia e Peru.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na última sexta-feira, 14, revelou que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas dos Estados Unidos para matar suspeitos de narcotráfico, sem o devido processo judicial, uma crítica às ações de Trump. Em um sinal de divisão entre os apoiadores do presidente, 27% dos republicanos entrevistados se opuseram à prática, enquanto 58% a apoiaram e o restante não tinha opinião formada. No Partido Democrata, cerca de 75% dos eleitores são contra as operações, e 10% a favor.
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