Macron solta palavrão em bate-boca com moradores de ilha francesa após ciclone
Presidente da França foi recebido com vaias durante visita à região mais pobre do país, Mayotte, um arquipélago no Índico recém-devastado por tempestade

O presidente da França, Emmanuel Macron, se irritou nesta quinta-feira, 19, após ser recebido com vaias durante uma visita a Mayotte, um arquipélago francês no Oceano Índico devastado pelo ciclone Chido na semana passada. Furiosos, os habitantes locais cobraram mais ajuda do governo federal para reconstruir as áreas devastadas pelo ciclone, em meio a pedidos pela renúncia do chefe do Eliseu.
No meio do bate-boca com a multidão, Macron soltou um inesperado xingamento.
“Se não fosse pela França, vocês estariam 10 mil vezes mais na merda”, disse Macron à multidão furiosa. “Não há outro lugar no Oceano Índico onde as pessoas sejam tão ajudadas (quanto Mayotte), isso é um fato.”
Câmeras filmaram o momento em que um morador respondeu: “Hoje, você vem nos dizer que está tudo bem, quando tudo está errado. Vamos contar os mortos nas periferias, senhor presidente. Não concordo que esteja tudo bem”.
Revidando, Macron disse: “Eu não tive nada a ver com o ciclone. Podem me culpar, mas não fui eu.”
Na noite de quinta-feira, o presidente francês anunciou que estenderia sua visita à ilha para um segundo dia “como sinal de respeito e de consideração”.
Ciclone Chido
Estima-se que cerca de 1.000 pessoas morreram após a passagem do ciclone Chido em Mayotte no último sábado 14. A tempestade foi considerada a mais forte no Oceano Índico em 90 anos, e moradores compararam o rastro de destruição aos efeitos de uma “bomba atômica”.
Macron prometeu “reconstruir” o departamento ultramarino através de uma “lei especial”, mas também “reforçar a luta contra a imigração ilegal”.
Mayotte tem uma população de pouco mais de 300 mil pessoas, um terço das quais são imigrantes irregulares, de acordo com o Ministério do Interior francês. Antes do ciclone, a região mais pobre do país já lutava por décadas contra secas, falta de investimentos e violência de gangues.
Nesta segunda-feira, Chido também atingiu Moçambique, enquanto Malawi e Zimbábue traçaram planos de emergência para o possível esvaziamento de áreas de várzea devido a inundações.