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Macron diz que França ‘não está isolada’ em oposição ao acordo Mercosul-UE

Comentário foi feito durante intervalo das atividades do G20 no Rio de Janeiro, após sinal de que Itália acompanharia decisão

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 nov 2024, 07h40

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que seu país “não está isolado” na oposição ao formato atual do acordo entre União Europeia e Mercosul, informou a agência de notícias francesa AFP. O comentário foi feito na noite de segunda-feira, 18, durante intervalo das atividades do G20 no Rio de Janeiro.

Apontado como principal obstáculo para um eventual acordo devido à forte pressão de agricultores, que chegaram a fazer uma grande manifestação no país na segunda-feira, Macron afirmou que, “por ter sido negociado há muitas décadas”, o texto atual “baseia-se em condições prévias que estão desatualizadas”.

Uma solução, segundo ele, seria “repensar a relação com esta sub-região, seja o Mercosul, ou talvez o Brasil, porque entendo que a Argentina talvez não tenha interesse em fazê-lo em um marco regional”.

“Realmente não queremos importar produtos agrícolas que não respeitem as regras que nós mesmos nos autoimpusemos”, disse.

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Sob as regras europeias, se a Comissão Europeia levar o tratado à frente sem o consenso da França, a França precisaria do apoio de ao menos outros quatro países, entre os 27 UE, para bloquear a decisão. Junto à França, a Itália já se mostrou contra um eventual acordo, “em sua forma atual”, ressaltou o ministro da Agricultura italiano, Francesco Lollobrigida, na segunda. 

“Contrariamente aos que muito pensam, a França não está isolada, e muitos países nos apoiam”, disse Macron, após o possível apoio francês a um bloqueio.

A negociação do acordo, que prevê a eliminação ou redução de tarifas de importação entre os blocos, se arrasta há mais de duas décadas. Depois de anos de pausa, um possível acordo foi retomado em 2019, mas precisa da ratificação dos 31 países envolvidos para entrar em vigor.

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As negociações foram travadas nos últimos anos principalmente pelas exigências ambientais da UE, capitaneadas pela França, que pressiona para que o acordo não seja implementado sem que haja garantias concretas do cumprimento do Acordo de Paris, tratado global sobre a mitigação das mudanças climáticas, assim como a criação de regras de sustentabilidade para a entrada de produtos do Mercosul na Europa, principalmente em relação ao uso de agrotóxicos e desmatamento.

Apesar da oposição da classe política e do setores agrícola franceses, a UE se mostrou determinada a assinar o acordo até o final deste ano.

Vários países europeus, como Espanha e Alemanha, são favoráveis ao acordo, argumentando que ele abriria as portas para maiores exportações de carros, máquinas e produtos farmacêuticos europeus. O objetivo é finalizar o pacto antes da cúpula do Mercosul, que acontecerá no Uruguai em dezembro, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

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Liderando o outro lado das negociações, o governo brasileiro busca aprovar o acordo. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que o Brasil seria o maior beneficiado com o texto, com um impacto positivo de 0,46% no PIB, comparado a 0,12% para a União Europeia e 0,41% para os demais países do Mercosul.

Na balança comercial, o Brasil ganharia 302,6 milhões de dólares, enquanto os outros países do Mercosul teriam um ganho de 169,2 milhões, e a UE enfrentaria uma queda de 3,44 bilhões, devido às reduções tarifárias e concessões de cotas de exportação.

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