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Macron critica retórica agressiva da Turquia sobre Nagorno Karabakh

Escalada em conflito, que já deixou mais de 100 mortos, poderia desestabilizar região; Armênia é aliada da Rússia e Azerbaijão da Turquia

Por Da Redação
30 set 2020, 11h43

O presidente da França, Emmanuel Macron, criticou nesta quarta-feira, 30, a “retórica belicosa” turca no conflito entre Azerbaijão e a Armênia sobre a região de Nagorno Karabakh.

“Eu tenho notado as declarações políticas da Turquia. Eu acredito que elas sejam imprudentes e perigosas”, disse Macron em uma entrevista coletiva na Letônia, onde se encontrou com a líder da oposição de Belarus.

“A França continua extremamente preocupada com mensagens que a Turquia teve nas últimas horas, nas quais removem todas as inibições do Azerbaijão em reconquistar Nagorno Karabakh. E isso é algo que não vamos aceitar”, afirmou.

As relações entre Turquia e França não estão em seus melhores dias. Com uma retórica cada vez mais contundente em assuntos externos, na maior parte das vezes através do uso do Exército, Paris e Ancara já divergiram sobre a atuação turca na Síria no início de 2020 e, mais recentemente, sobre a escalada de tensões entre Grécia e Turquia no Mediterrâneo.

No domingo, o Exército do Azerbaijão iniciou uma operação em Nagorno Karabakh para retomar a região separatista. Montanhosa, a região é povoada por armênios, enquanto os azerbaijanos são de etnia turca. A Turquia, por sua vez, vê o Azerbaijão como uma nação irmã e se colocou ao lado de Baku.

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O Azerbaijão, um país de língua turca com maioria xiita, exige o retorno a sua soberania sobre Nagorno Karabakh, que tem uma área equivalente a apenas metade do Distrito Federal (DF). A região é habitada principalmente por armênios cristãos, que, em 1991, votaram a favor de um referendo de secessão, após o colapso da União Soviética, da qual ambos o Azerbaijão e a Armênia faziam parte como repúblicas distintas.

Esse referendo até hoje, porém, não é reconhecido pela comunidade internacional. Desde o final da década de 1980 e até 1994, azerbaijanos e armênios travaram uma guerra por Nagorno Karabakh, na qual mais de 30.000 pessoas morreram.

Relatos, nem negados e nem confirmados por Ancara, dizem que mercenários sírios contratados pela Turquia se juntaram às forças azerbaijanas. A Armênia também afirma que um caça de sua Força Aérea foi abatido por um avião turco, algo que também se é negado.

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O conflito, que é o pior desde 2016, já deixou mais de 100 mortos desde o domingo 27. O ministro da Defesa armênio afirmou na terça-feira que os separatistas destruíram 49 drones, quatro helicópteros, 80 tanques, um avião militar e 82 veículos militares azerbaijanos desde domingo. Já o Azerbaijão destacou a destruição de uma “coluna motorizada armênia e de uma unidade de artilharia”.

Vários líderes estrangeiros, incluindo a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, pediram um cessar-fogo imediato. Rússia, França e Estados Unidos os três mediadores do conflito dentro do chamado Grupo de Minsk pediram sem sucesso um cessar-fogo e a retomada das negociações.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reuniu em caráter de urgência na terça-feira para tentar evitar uma segunda guerra aberta entre Armênia e Azerbaijão. O conflito poderia desestabilizar a região tendo em vista que a Armênia é aliada da Rússia, e o Azerbaijão da Turquia.

“Fazemos um apelo a todos os países, especialmente aos nossos países sócios como a Turquia, para que façam todo o possível para obter um cessar-fogo e voltar a uma solução pacífica do conflito”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

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