Em viagem pela Europa para tentar abrir uma janela de renegociação de um acordo para o Brexit, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, encontrou-se nesta quinta-feira, 22, com o presidente francês, Emmanuel Macron. Ao contrário do que Boris desejava, Macron disse que o dispositivo que impede uma fronteira rígida entre a Irlanda e Irlanda do Norte, presente no pacto anterior, é “indispensável” para manter a paz na região.
O polêmico dispositivo, conhecido como backstop, manteria temporariamente a Irlanda do Norte dentro da união aduaneira e do mercado comum europeu até que um acordo comercial entre o Reino Unido e a União Europeia fosse firmado. Dessa forma, evitaria uma fronteira em que a livre circulação de bens e pessoas fosse dificultada.
Este dispositivo não é bem visto pela maioria dos parlamentares britânicos, inclusive o primeiro-ministro, porque imporia a Londres a obrigatoriedade de cumprir regulações europeias por um tempo indeterminado. Porém, uma fronteira rígida entre as duas Irlandas contraria o acordo de paz firmado em 1998, que cessou a violência entre os irlandeses, e traz de volta o temor de novos conflitos.
No encontro entre Macron e Boris, o presidente francês referendou o prazo de trinta dias para a elaboração de uma nova proposta que a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, deu ao primeiro-ministro britânico na quarta-feira 21. Mas Macron alertou que qualquer novo texto não seria muito diferente do atual.
“Quero ser muito claro: no mês à frente, não encontraremos um novo acordo de retirada que se desvie muito do original”, disse o líder da França no pátio do Palácio do Eliseu ao lado de Johnson.
Apesar de Johnson buscar a renegociação do acordo com a União Europeia em trinta dias, ele é defensor do divórcio sem acordo no dia 31 de outubro. Mas disse a Macron estar “fortemente estimulado” em firmar um pacto até o prazo final, após a conversa com Merkel na quarta-feira.
“Vamos fazer o Brexit. Vamos fazê-lo de forma sensata e pragmática e que seja interessante para os dois lados, não vamos esperar até 31 de outubro”, disse Johnson. “Vamos adiante no aprofundamento e na intensificação da amizade e da parceria entre nós.”
(Com Reuters)