Em discurso de abertura da terceira sessão da cúpula de líderes do G20, nesta terça-feira, 19, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um forte apelo para que países membros elevem seus níveis de ambição de redução de gases causadores do efeito estufa, se alinhando à meta de limitar o aumento da temperatura global a um grau e meio, dentro de suas capacidades.
“Nossa bússola continua sendo o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Esse é um imperativo da justiça climática”, disse. “Mesmo que não caminhemos na mesma velocidade, todos podemos dar um passo a mais”.
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Aos líderes presentes no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, Lula propôs a antecipação das metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou até 2045, mas ressaltou que “sem assumir responsabilidades históricas, as nações ricas não terão credibilidade para exigir ambição dos demais”.
“Foi no Rio de Janeiro que nasceram as três Convenções-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima, Biodiversidade e Desertificação. Poucos de nós imaginavam que, três décadas depois, estaríamos vivendo o ano mais quente da história, com enchentes, incêndios, secas e furacões cada vez mais intensos e frequentes”, disse.
Dados divulgados na semana passada na Cúpula das Nações Unidas para o Clima (COP29), que acontece em em Baku, no Azerbaijão, paralelamente ao encontro do G20, mostram que cidades da Ásia e dos Estados Unidos são as que mais emitem os gases que provocam o aquecimento e alimentam as mudanças climáticas.
Xangai, maior cidade da China e um núcleo financeiro global, lidera a lista dos mais poluentes, emitindo mais gases do que alguns países inteiros, como Colômbia e Noruega. Ao todo, sete estados ou províncias liberam mais de 1 bilhão de toneladas métricas de gases causadores do efeito estufa, todos na China, exceto o Texas, nos Estados Unidos, que ocupa o sexto lugar.
Sobre Baku, Lula ressaltou que o Brasil apresentou sua nova meta absoluta ambiciosa de reduzir emissões de 59 a 67% até 2035, comparado a 2005.
“A maior parte da redução das nossas emissões virá da queda no desmatamento, que diminuiu 45% nos últimos dois anos. Não transigiremos com os ilícitos ambientais. O desmatamento será erradicado até 2030”, afirmou.